por Jorge Furtado
em 23 de junho de 2010
O fato, segundo o texto da notícia:
Newton Cannito é autor do roteiro de um filme inscrito num concurso do Ministério da Cultura. (O prazo de inscrição terminou no dia 18 de março de 2010. Regulamento em
http://www.cultura.gov.br/site/wp-content/uploads/2010/02/profissionais.pdf
Muito depois da inscrição no concurso, Cannito foi convidado para assumir o cargo de secretário do audivisual do MinC. Assumiu e mandou cancelar suas inscrições.
Por um erro, sua inscrição não foi cancelada e o projeto foi aceito, conforme publicação no Diário Oficial em 21de junho.
O erro foi corrigido, a inscrição indeferida, no dia seguinte, 22 de junho, conforme publicação no Diário Oficial
Hoje, no dia 23 de junho, mesmo sabendo (e confirmando) que o erro foi corrigido e a correção publicada ontem no Diário Oficial, a Folha de S. Paulo publica a “notícia” com a seguinte manchete: Newton Cannito aprova próprio projeto.
Pergunta: os editores da Folha de S. Paulo chamam isso de jornalismo? Eles têm família? Dormem à noite?
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Na Folha de hoje:
NEWTON CANNITO APROVA PRÓPRIO PROJETO
Denise Menchen
Secretário do Audiovisual do MinC publica portaria autorizando um roteiro seu a concorrer a prêmio federal
Edital do concurso veta participação de pessoas ligadas ao Ministério; pasta afirma que houve um “erro no sistema”
O secretário do Audiovisual do Ministério da Cultura, Newton Cannito, teve um projeto de roteiro de longa-metragem de ficção de sua autoria habilitado para participar de um concurso público promovido pela pasta, que premiará sete pessoas com R$ 50 mil cada uma.
O ministério atribuiu a aprovação a um “erro no sistema” e, após ser procurado pela Folha anteontem, indeferiu a inscrição de Cannito.
A lista com os 68 roteiristas que tiveram inscrições aprovadas foi publicada anteontem no “Diário Oficial da União”, em portaria assinada pelo próprio Cannito.
Criador da série “9 mm: São Paulo” e corroteirista do filme “Quanto Vale ou É por Quilo?”, o secretário se inscreveu com o trabalho intitulado “Gênese”.
O edital do concurso, divulgado em 1º de fevereiro, veta a participação de qualquer pessoa ligada ao Ministério da Cultura.
Procurada pela reportagem, a assessoria de imprensa da Secretaria do Audiovisual afirmou que a inscrição de Cannito foi indeferida, mas que, por um “erro no sistema”, seu nome apareceu na lista de aprovados.
Não foi explicado que tipo de erro foi esse.
O órgão também afirmou que a informação seria corrigida na edição de ontem do “Diário Oficial da União”, o que realmente foi feito.
Na nova publicação, o projeto de Cannito foi considerado indeferido porque “o concorrente exerce cargo público no Ministério da Cultura, contrariando o estabelecido no subitem 5.4 do edital”.
Ainda segundo a assessoria, a inscrição do secretário foi feita antes de ele ter assumido o cargo, no último dia 7.
“A primeira coisa que fiz ao chegar à secretaria foi mandar cancelar todas as minhas inscrições. Houve erro de uma funcionária”, disse Cannito, que participava de outros dois concursos.
Para ele, o fato não afeta sua credibilidade, pois o problema seria descoberto na etapa seguinte da seleção.