José Serra sugere ter amantes com discrição e reduzir impostos para evitar suicídios

por Jorge Furtado
em 02 de julho de 2010

O despreparo político, emocional e intelectual de José Serra é preocupante, é um alívio que tenha poucas chances de ser eleito presidente.

Politicamente, Serra é um desastre, capaz de trapalhadas fantásticas como a indicação de Alvaro Dias para vice e a rendição, no dia seguinte, aos caciques do DEM, que impuseram um ilustre desconhecido para o segundo cargo mais importante do país. Na remota hipótese da eleição do tucano e num seu eventual impedimento, o Brasil poderia acordar presidido por Índio da Costa, sobre quem só se conhece o envolvimento em maracutaias da merenda escolar carioca. Indio também foi vendido pela mídia serrista com “o relator do projeto ficha limpa”, mas era mentira, mais uma para a lista.

Emocionalmente, Serra é um destemperado, muito agressivo com jornalistas, especialmente com as mulheres. São numerosos os exemplos, todos disponíveis na internet, de suas agressões grosseiras aos repórteres que o entrevistam. Ao mesmo tempo, Serra é capaz de fazer constrangedores galanteios a uma repórter bonita que o entrevistava sobre a tragédia da enchente paulista, onde morreram dezenas de pessoas. E a sugerir que seu jovem vice, que lhe disse ser fiel a sua namorada, que não haveria problemas que tivesse amantes, desde que fosse discreto.

Intelectualmente, Serra é uma decepção. Já entraram para o folclore político brasileiro as bobagens que disse, em tom professoral, sobre a transmissão da gripe suína que aconteceria, segundo ele, quando alguém encosta o nariz no nariz de um porquinho. Ontem, no mesmo dia em que foi apresentado ao seu vice e lhe sugeriu ter amantes com discrição, Serra comentou a carga tributária brasileira que, segundo ele, está entre as maiores do mundo:

“Eu não estou comparando com a Suécia, com a Dinamarca, com a Finlândia, claro, são países com uma renda tão alta que todo mundo já consumiu, todo mundo já gastou no que tinha que gastar, aumenta índices de suicídio pela monotonia da vida, quer dizer, naturalmente tem uma carga tributária mais alta para o estado de bem-estar, para aposentadoria, para isso, para aquilo… Mas nos países emergentes a situação ainda não é essa, ainda há muita gente para entrar no mercado.”

Aos 3:20:
http://globonews.globo.com/Jornalismo/GN/0,,MUL1603908-17665-313,00.html

Alguém saberia explicar o que significa a frase de Serra? Qual a relação entre carga tributária e índices de suicídio?

No governo tucano, é bom lembrar, a carga tributária brasileira aumentou muito mas, que eu saiba, não houve crescimento significativo dos índices de suicídio no país. Serra sugere, talvez, que as pessoas prefiram se matar a pagar impostos? Talvez venha daí o sentido do ditado inglês sobre a inevitabilidade da morte e dos impostos (death and tax).

A idéia de que a Suécia, a Dinamarca e a Finlândia seriam campeãs mundiais de suicídio pela “monotonia da vida” é bizarra, além de inteiramente falsa.

Os países recordistas em número de suicídios, proporcionalmente a sua população, são a Lituânia (41,9 em 100 mil habitantes), Estônia (40,1), Rússia (37,6), Letônia (33,9) e Hungria (32,9). Em números absolutos, os recordistas são a China (195 mil suicídios no ano de 2000), seguida pela Índia com 87 mil, a Rússia com 52,5 mil, os Estados Unidos com 31 mil, o Japão com 20 mil e a Alemanha com 12,5 mil.

http://pt.wikipedia.org/wiki/Suicídio

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No final da entrevista de José Serra na Globonews, a jornalista Miriam Leitão acelera o ritmo das perguntas e luta bravamente para interromper o entrevistado.

Aos 24:30
http://www.advivo.com.br/blog/luisnassif/serra-esta-onde-sempre-esteve#comments

MÍRIAM
Tenho uma última pergunta para fazer, está acabando o programa…

SERRA
Mas eu quero fazer também uma palavrinha no final…

MIRIAM
Então… eu não faço a pergunta e o senhor diz a palavrinha final… É que o senhor falou várias palavras até agora, não?

SERRA
Mas é bom a gente poder falar do que não vir aqui falar nada.

MIRIAM
Claro, claro…

Neste ponto há uma edição, um corte, não apenas um corte de uma câmera para a outra, feita ao vivo, pelo suíte: há um evidente corte de edição. (Repare a descontinuidade das mãos).

Ou o programa gravou mais de um take das “palavrinhas” finais do entrevistado (e escolheu o melhor) ou a gravação parou e recomeçou, dando ao entrevistado algum tempo para ensaiar sua fala.

Talvez seja prática do programa, gravar vários takes de uma resposta do entrevistado e escolher a melhor. Se for, o privilégio deveria ser oferecido a todos os convidados. Será que Marina Silva, ao ser entrevistada, teve esta escolha?

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A última do Serra:

“Ontem, foi apresentado nosso Indio para a vice-presidência, um homem jovem, preparado, com experiência, que vai crescer muito e ter muito responsabilidade (…) Tem uma namorada e, me disse por telefone, ‘não tenho amantes’. Eu até disse, também não precisa exagerar. O que tem que ser é uma coisa discreta. Não estou aqui pregando pular cerca no casamento, mas também não precisa exagerar”.

Comentário:

Indio diz que tem uma namorada e não tem amantes. Serra comenta que ele não precisa exagerar, desde que seja “uma coisa discreta”. E logo afirma não estar “pregando pular cerca no casamento, mas também não precisa exagerar”. Não entendi. O que, afinal, ele sugere? Que o Indio fique, tucanamente, em cima da cerca?

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Quem são os “energúmenos” que utilizam tais argumentos?

Importante comentarista político número 1 escreveu o seguinte parágrafo:

“As coincidências entre os preços oferecidos pela fornecedora vencedora nas licitações, quando Indio da Costa era secretário de Administração da prefeitura do Rio” são “bastante estranhas”. “Sem ter, teoricamente, informações sobre os outros preços, a fornecedora sempre apresentou descontos quando tinha concorrentes, mantendo o preço cheio naquelas licitações em que ninguém disputava o fornecimento. Foi como acertar na MegaSena, comenta a vereadora do PSDB do Rio Andrea Gouvêa Vieira, relatora da CPI. Os resultados da CPI estão no Ministério Público.”

Importante comentarista político número 2 escreveu o seguintes parágrafo:

“…as acusações contra ele (deputado Indio da Costa) levantadas pela CPI da Merenda Escolar, na Câmara de Vereadores do Rio, não são conclusivas a ponto de alguém poder afirmar que ele não tem a ficha tão limpa assim como querem alardear os tucanos e democratas. Só mesmo militantes energúmenos utilizam tais argumentos”.

Pergunta:
Quem é o comentarista político 1? Quem é o comentarista político 2?

Resposta:
Merval Pereira é autor dos dois parágrafos, no mesmo artigo.

Energúmeno: substantivo masculino
1 Diacronismo: obsoleto.
possuído pelo demônio; possesso
2 Derivação: por extensão de sentido.
indivíduo que, exaltado, grita e gesticula excessivamente
3 Derivação: sentido figurado.
indivíduo desprezível, que não merece confiança; boçal, ignorante