Boi-com-abóbora

por Jorge Furtado
em 18 de agosto de 2010

O primeiro nome que se ouviu no programa de televisão da oposição que prometeu “dar uma surra no Lula” e “acabar com essa raça” foi “Lula da Silva”, no jingle de José Serra. O samba, tocado numa animada mesa de uma favela cenográfica montada num grande estúdio, é o que o João Nogueira definiu como “um tremendo boi-com-abóbora”.

O primeiro verso:

Quando Lula da Silva sair
É o Zé que eu quero lá
Agora é Serra
Presidente do Brasil.

Se não mudaram ainda, aviso que o samba está rimando “lá” com “il”.

Sugestões, para a eleição não ficar sem graça logo no começo:

Quando Lula da Silva sair
É o Zé que eu quero lá
Agora é Serra
No Zé Serra eu vou votar

Ou

Quando Lula da Silva sair
É o Zé que eu quero lá
Agora é Serra
José Serra pra ganhar

(Esta versão tem a vantagem de incluir no refrão do jingle o nome do candidato, o nome que o eleitor - lembram dele? - vai ler na urna eletrônica, “José Serra”.)

Ou

Quando Lula da Silva sair
(Pois melhor nunca se viu!)
Agora é Serra
Presidente do Brasil

(Esta versão tem a vantagem de ser ainda mais elogiosa ao Lula, pode enganar mais meia dúzia de tontos.)

Qualquer coisa é melhor do que rimar “lá” com “Brasil”, por favor! Nós vamos ter que ouvir isso um mês e meio?

A primeira fala de José Serra em seu próprio programa foi em inglês, “Thank you, mister President”. Não chega a ser surpreendente.

O programa da oposição mostra várias realizações de José Serra na área da saúde, entrevista pessoas agradecidas ao ex-ministro do governo Fernando Henrique (que não é citado, mas aparece numa foto). E o locutor informa:

LOCUTOR (OFF) - Ah, sim. E ainda tem o genérico. Mas essa parte a gente deixou para a Dona Augusta, lá de Goiania. Fala, Dona Augusta.

Dona Augusta aparece com José Serra, falando diretamente a ele:

DONA AUGUSTA - Nossa, eu tinha vontade de falar para o Brasil dos remédios que o senhor criou, que hoje para mim é uma benção.

No final da conversa José Serra abraça Dona Augusta e diz:

JOSÉ SERRA - Que bom, que bom…

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O programa da coligação demo-tucana não afirma que Zé (José) Serra criou os genéricos (“Ah, sim. E ainda tem o genérico. Mas essa parte a gente deixou para a Dona Augusta…”), deixou que Dona Augusta fizesse o serviço.

Informo a Dona Augusta que os remédios genéricos foram criados por Jamil Haddad, ex-ministro do governo Itamar Franco, conforme o próprio Serra admitiu recentemente, em entrevista a Folha de S. Paulo:

http://www1.folha.uol.com.br/poder/773733-serra-nega-paternidade-dos-genericos-e-diz-apenas-ter-implantado-a-ideia.shtml

Em meio à polêmica sobre a paternidade dos medicamentos genéricos no país, o candidato José Serra (PSDB) admitiu nesta terça-feira que não “inventou” esse tipo de remédio. O tucano disse que a ideia já existia e apenas trabalhou para colocá-la em prática enquanto esteve no comando do Ministério da Saúde.

“Não fui eu quem inventei genérico. Os genéricos, já existia a ideia. Eu nem sabia quando eu assumi o Ministério [da Saúde]”, afirmou. (…) Além de negar a paternidade dos genéricos, o candidato disse que também não implementou no Ministério da Saúde o programa de combate à AIDS, em vigor no país. “Eu toquei o programa da Aids para acontecer na prática, mas não foi ideia minha.”

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O pior do programa de Dilma - que foi excelente - é a idéia do “pai Lula” que vai entregar o Brasil para a “mãe Dilma”. Do jeito que vai a campanha, nem precisa esse tipo de apelação despolitizada.

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Fraquíssimo, deprimente, o programa de Marina. Parecia um power-point de colégio. Marina não é boa locutora (nem precisa ser, para ser boa presidente), mas acredita no que diz e isto é visível em seu olhar. E ela apareceu apenas 5 segundos no seu próprio programa, que já é curto. Isso parece ser uma daquelas idéias criativas (“já que o tempo é curto, vamos usá-la bem pouco, só no final…”) que pretendem combater o óbvio (do canto da sala, o Óbvio grita: “Vamos mostrar a candidata o máximo possível! Vamos fazer algo positivo, alegre, para cima!”, ninguém lhe escuta) quando o caso, é claro, é partir do óbvio, não negá-lo.

Além de monocórdio, o programa de Marina foi monotemático, parece que ela está fazendo campanha para ser ministra do meio-ambiente no governo Dilma.

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Meu sonho, um segundo turno com Dilma e Marina, ainda não é impossível, mas assim fica difícil!

Porque vocês não usam os ótimos comerciais do PV?

Vamos lá, pessoal! Ânimo!

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Gostei - como realização, formato, linguagem - do programa do Plínio, engraçado e marcante. Quem não tinha entendido que ele era o candidato que pretende mudar tudo, já entendeu. Deve ter perdido muitos votos, mas certamente ganhou outros e ficou mais conhecido, deve pontuar nas próximas pesquisas.

Programa da Marina:
http://www.youtube.com/watch?v=M1N0gtjE3NA&feature=player_embedded#!

Site do Plinio:
http://psol50.org.br/