Fogo amigo

Fogo amigo: Folha de S. Paulo afirma que jornal mineiro ligado a Aécio Neves bancou quebra de sigilo de tucanos paulistas

por Jorge Furtado
em 20 de outubro de 2010

Segundo reportagem do jornal Folha de S. Paulo, a quebra de sigilo fiscal da filha e do genro de Serra, Verônica e Alexandre Bourgeois, do dirigente tucano Eduardo Jorge e de outros integrantes do PSDB, teria sido encomendada, em outubro de 2009, pelo jornalista Amaury Ribeiro Jr., que então trabalhava no jornal Estado de Minas. O jornal, como bem sabem os mineiros, apóia o agora senador tucano Aécio Neves.

Isso é o que informa a matéria da Folha, para quem leu e está acompanhando o caso. Já o título da matéria, que parece ter sido escrito pela campanha de José Serra, mirando aquele que a Folha julga ser seu leitor padrão (não muito esperto, não muito bem informado e sem tempo para letras miúdas), como de hábito informa o oposto da matéria e tenta ligar o jornalista Amaury Ribeiro Jr. - funcionário do jornal aecista Estado de Minas - a um “chamado” (por quem?) “grupo de inteligência” (quem disse?) de uma suposta “pré-campanha” de Dilma.

O jornalista Amaury Ribeiro Jr. sempre negou que seu esperado livro “Os porões da privataria”, onde promete denunciar grossas falcatruas na privatização demo-tucana, tivesse qualquer dado sigiloso, sendo baseado, segundo ele, apenas em informações públicas. É o que descobriremos logo depois da eleição.

A campanha de José Serra (isto é, a Folha de S. Paulo) põe mais uma vez em pauta o espinhoso caso do sigilo fiscal de tucanos envolvidos na privataria - espinhoso, porque leva o cidadão comum a pensar que tamanha preocupação com o próprio sigilo fiscal de pessoas ligadas às milionárias privatizações do governo tucano talvez não seja um bom indício - retomando uma estratégia de campanha adotada a certa altura do primeiro turno, onde a lógica é preparar a defesa pós-derrota e não ganhar votos. É razoável supor, portanto, que suas pesquisas indiquem que, já que não dá para salvar os anéis (isto é, retomar o poder e entregar o pré-sal aos seu clientes), demo-tucanos estão tratando desde já de salvar os dedos.

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Atualizado à 21:30:

Parece que o meu palpite estava certo:

Ibope: Dilma (PT) lidera com 51%; Serra (PSDB) tem 40% dos votos totai
20/10/2010 - 20h09

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Da Folha:

Segundo a investigação, quando os dados dos tucanos foram encomendados em outubro de 2009, Amaury ainda mantinha vínculo profissional com o jornal “O Estado de Minas”.

No blog do Nassif:

PF liga Dossiê ao Estado de Minas

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Fogo amigo II: Atualizado 14:16

Mais informações sobre a declaração à Polícia Federal do jornalista Amaury Ribeiro Jr. que, segundo o jornal Folha de S. Paulo, em outubro de 2009, época em que trabalhava para o jornal O Estado de Minas, teria encomendado a quebra de sigilo fiscal de tucanos paulistas:

Da Folha:

O repórter disse que iniciou seu trabalho de investigação quando era funcionário do jornal “Estado de Minas”, para “proteger” o ex-governador tucano Aécio Neves – que à época disputava internamente no PSDB a candidatura à Presidência.

Amaury não admitiu que pagou pelos dados nem que pediu a quebra de sigilo fiscal dos tucanos. O despachante Dirceu Rodrigues Garcia, porém, declarou à PF que o jornalista desembolsou R$ 12 mil em dinheiro vivo e que entregou a ele as informações protegidas por lei.

Amaury não disse à polícia se recebeu ou não orientação de Aécio ou de outros políticos de PSDB de Minas para levar adiante a pesquisa. Afirmou que iniciou a apuração após ter tomado conhecimento de que uma equipe de inteligência liderada pelo deputado Marcelo Itagiba (PSDB-RJ), ligado a Serra, estaria reunindo munição contra Aécio.

Texto integral:
http://www1.folha.uol.com.br/poder/817429-jornalista-confirma-a-pf-que-encomendou-dados-de-tucanos.shtml

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Fogo amigo III, atualizado em 22.10.10:

Violação da lógica

“Não há dúvidas de que o diário mineiro pagou a maioria das despesas do repórter para o levantamento das informações. Ele não é filiado ao PT ou trabalhou na campanha ou na pré-campanha de Dilma.”

por Leandro Fortes, na Carta Capital
http://www.cartacapital.com.br/destaques_carta_capital/violacao-da-logica

Quebra do sigilo fiscal: Ribeiro Jr. agia em nome do jornal Estado de Minas
http://www.cartacapital.com.br/politica/quebra-do-sigilo-fiscal-ribeiro-jr-agia-em-nome-do-jornal-estado-de-minas

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Fogo amigo IV, atualizado em 22.10.10:

Estadão confirma a Folha: O Estado de Minas pagou investigação contra Serra.

Íntegra do depoimento de Amaury Ribeiro Jr. à Polícia Federal, onde ele confirma que trabalhava a serviço do jornal O Estado de Minas na investigação sobre a privataria do governo demo-tucano e dá outras informações. A declaração foi publicada pelo jornal O Estado de São Paulo.

Um resumo do depoimento de Amaury Ribeiro Júnior à Polícia Federal, feito por Sergio Marcondes, em Carta Capital:

Declarou o jornalista Amaury Ribeiro Júnior:

  1. trabalhava desde o ano 2000 na compilação de dados sobre as privatizações de FHC, cobranças de propinas e envio de valores para as Ilhas Virgens.
  2. começou sua investigação quando trabalhava no jornal O Globo.
  3. sua primeira matéria sobre o assunto saiu em 2001 quando estava no Jornal do Brasil.
  4. publicou várias matérias posteriormente em 2003, na IstoÉ e que foi processado por Ricardo Sérgio por conta disso.
  5. ao final deste ano, parou de publicar matérias sobre o assunto, já pensando em escrever um livro.
  6. em maio de 2007 foi trabalhar no Correio Brasiliense, e que no final do mesmo ano, depois de sofrer um atentado, foi transferido para o Estado de Minas, do mesmo grupo.
  7. no final deste ano deu-se conta de que um grupo clandestino de inteligência estaria investigando Aécio Neves e aí decidiu investigar este grupo.
  8. descobriu, através de fontes próprias, que seria o deputado carioca Marcelo Itagiba o mentor do grupo, a serviço de José Serra.
  9. em 2008 resolveu retomar as investigações sobre as privatizações, com foco em Serra.
  10. iniciou coleta de documentos sobre pessoas ligadas a Serra e empresas pertencentes a elas.
  11. fez várias viagens para São Paulo e Brasília em 2008 e 2009 para realizar suas investigações, sempre custeadas pelo jornal Estado de Minas. Assim como as despesas para a obtenção dos documentos.
  12. afastou-se formalmente do jornal em 16 de outubro de 2009, em função de problemas de saúde do pai. Antes, tirou férias de 30 dias.
  13. antes de sair, entregou uma cópia dos documentos obtidos para o jornal e deixou outra cópia em seu laptop.
  14. em abril de 2010, foi procurado pelo jornalista Luiz Lanzetta, cuja empresa de assessoria trabalhava para a pré-campanha de Dilma Rousseff. Este queria sua ajuda para indicar pessoas para ajudá-lo a descobrir possíveis espiões dentro da campanha de Dilma.
  15. indicou o nome de Idalberto Martins, que indicou o de Onésimo Graça.
  16. fizeram então uma reunião num restaurante de Brasília.
  17. antes dela, no comitê de campanha de Dilma, soube das desavenças entre dois grupos de petistas que disputavam o comando da área de comunicação da campanha.
  18. na reunião, não houve acordo financeiro que possibilitasse a contratação de Idalberto e Onésimo para o trabalho de contra-espionagem interna demandado por Lanzetta, que estava acompanhado de Benedito de Oliveira.
  19. fizeram outra reunião duas semanas depois, sem que chegassem a um acordo financeiro. E que a partir daí considerou encerrado o assunto.
  20. três semanas depois recebeu telefonema de Lanzetta, dizendo que algum dos participantes da reunião havia informado à Veja que eles estariam elaborando um dossiê contra Serra.
  21. o jornalista da Veja, Policarpo Júnior, procurado por Amaury, disse-lhe que a informação lhe havia sido passada por um dirigente petista.
  22. que pelo que ouviu de Policarpo, ele tinha conhecimento de dados que estavam apenas em seu notebook.
  23. declarou que não havia passado o material para ninguém e afirmou que Rui Falcão teria copiado os dados num apart-hotel em Brasília.
  24. confirmou que Luiz Lanzetta se afastou da campanha de Dilma depois da matéria da Veja e que sua empresa foi substituída por outra.
  25. recorreu aos trabalhos de um despachante para conseguir documentos na Junta Comercial para suas investigações. Mas não deu seu nome.
  26. nunca foi filiado a partido político, nem foi contratado por nenhuma campanha política.

Em suma, nada que foi relatado no depoimento de Ribeiro Jr. contradiz com as matérias publicadas até aqui por CartaCapital. Amaury Ribeiro Jr. nunca fez parte de suposto “grupo de inteligência” da campanha de Dilma. E fez suas investigações originalmente para “investigar quem eram os integrantes” do grupo que investigava Aécio. Este é o centro da questão.

http://www.cartacapital.com.br/politica/policia-federal-libera-integra-do-depoimento-de-amaury-ribeiro-jr

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Novidade: a manchete sem notícia

Essa é nova! Esse pessoal, realmente, não cansa de me surpreender.

Cansados de ter que manipular, torcer e distorcer as suas próprias notícias para criar manchetes escandalosas prontas para serem usadas nos comerciais e no programa de tv de José Serra, resolveram fazer só a manchete! Afinal, para que a notícia? Para que o repórter? Se o que interessa é a manchete, faz-se a manchete que se quer para qualquer notícia! Não é prático?

A manchete do site da CBN, com link para o áudio da matéria:

Jornalista ligado ao PT confessa violação de sigilo de tucanos

Clica-se no link e escuta-se a matéria, na voz da repórter.

Um doce para quem achar na matéria:

  • qualquer referência ao PT ou a campanha petista, presente na manchete.
  • qualquer referência ao fato de alguém ter “confessado” alguma coisa.

A matéria, feita pela repórter, é jornalismo. A manchete, feita pelo chefe, é propaganda eleitoral, no caso, da campanha de José Serra.

http://cbn.globoradio.globo.com/editorias/politica/2010/10/20/JORNALISTA-LIGADO-AO-PTCONFESSA-VIOLACAO-DE-SIGILO-DE-TUCANOS.htm

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O jornal mineiro Hoje em Dia fez a mais detalhada descrição do “fogo amigo” tucano.

Dossiê contra Serra foi tramado no Estado de Minas
Alexandre Simões e Alex Capella - Coordenadores - 21/10/2010 - 08:45
CARLOS RHIENCK

Pasta começou a ser montada depois que o deputado Marcelo Itagiba inicia suposta investigação sobre Aécio Neves

Origem do documento está na disputa entre Serra e Aécio no PSDB

Relatório da Polícia Federal (PF), divulgado na quarta-feira (20), sinaliza que a montagem do chamado “dossiê tucano” foi acertada em 2009, em Brasília, quando o jornalista Amaury Ribeiro Júnior descobriu que o deputado Marcelo Itagiba (RJ) reuniu um grupo de espionagem, a serviço de José Serra, para devassar a vida do ex-governador de Minas Aécio Neves. Mas a documentação começou a ser reunida bem antes, no início de 2008, em Belo Horizonte.

No primeiro trimestre de 2008, muito antes de se decidir sobre os possíveis candidatos à Presidência, o dossiê já era montado na capital mineira. A investigação do jornalista mirava as movimentações financeiras das empresas ‘Decidir.com’, com sede nas Ilhas Virgens, e Patagon, na Argentina.

Repórter especial do jornal “Estado de Minas”, Amaury Ribeiro Júnior foi o responsável pelo levantamento, com base nos dados produzidos durante as investigações da CPI do Banestado, iniciada em 2003, sobre a evasão de divisas do Brasil para paraísos fiscais entre 1996 e 2002 - cerca de US$ 84 bilhões.

Ainda no início de 2008, durante a produção do dossiê, Amaury Ribeiro Júnior manteve contato com José Serra, em São Paulo, depois de fazer todas as apurações das movimentações das duas empresas suspeitas de lavagem de dinheiro, e que pertenciam a Verônica Serra, filha de Serra, e Verônica Dantas, irmã de Daniel Dantas, dono do Banco Opportunity. Com o conhecimento do dossiê, Serra viajou para Belo Horizonte, onde participou das comemorações dos 80 anos do jornal “Estado de Minas”, em festa no Palácio das Artes para 2 mil convidados.

Além dele, outro governador presente foi José Roberto Arruda, do Distrito Federal, cotado para ser o vice de Serra, indicado pelo DEM, numa chapa com o PSDB. Arruda acabou perdendo o seu mandato no ano passado, após série de denúncias contra seu Governo. Estava presente ainda seu vice, Paulo Octávio, que também caiu.

O assunto dominante na noite foi o recado a José Serra dado, indiretamente, em discurso pelo diretor do jornal, Álvaro Teixeira da Costa: “Não mexa com Minas, que Minas reage” - referência à possível espionagem de Itagiba contra Aécio Neves.

No final do ano passado, quando os nomes da corrida presidencial estavam praticamente definidos, o jornalista deixou o jornal. A notícia do dossiê chegou à cúpula tucana. O caso foi abafado.

Com a documentação em mãos, Amaury Ribeiro Júnior se encontrou com Luiz Lanzetta, responsável, até então, pela coordenação de comunicação da campanha de Dilma Rousseff à Presidência. O encontro aconteceu em abril, em Brasília. Amaury confirmou que, durante o período em que ficou em Brasília, negociou com a equipe da pré-campanha de Dilma Rousseff. O jornalista ficou hospedado num flat e as despesas teriam sido pagas por “uma pessoa do PT” ligada à candidatura governista.

A notícia de que Lanzetta participava da montagem do dossiê fez com que a direção do PT o afastasse. Ele deixou a campanha em junho, após a revelação do caso, negando participação na reunião dos documentos, que havia começado em 2008. Até o final de 2009, o levantamento em torno da movimentação de recursos feita pelas empresas da filha de Serra e da irmã de Dantas já estava concluído. Em nota, a PF afirma que ficou constatado que os dados do dossiê foram utilizados para elaboração de relatórios, “mas não foi comprovada sua utilização na campanha política”.

Por meio de sua assessoria, o senador eleito Aécio Neves rechaçou, ontem, qualquer ligação com o episódio, e disse que a prática de quebra de sigilo nunca fez parte de sua trajetória política, “em mais de 20 anos de vida pública”. Itagiba também negou ter participado de um grupo de espionagem a serviço de Serra. O jornal “Estado de Minas” “entende que isso (denúncias) é normal e recorrente às vésperas da eleição”.

Conforme a PF, Amaury confirmou que pagou R$ 12 mil ao despachante paulista Dirceu Garcia para obter as informações sobre os tucanos entre setembro e outubro de 2009. O jornalista não revelou de onde teria saído o dinheiro. A PF ouviu 37 pessoas. Amaury Júnior pode ser indiciado por violação de sigilo funcional e corrupção.

Dutra nega ligação com quebra de sigilo

BRASÍLIA - Presidente do PT, José Eduardo Dutra voltou a negar nesta quarta-feira qualquer envolvimento do partido e da presidenciável Dilma Rousseff na elaboração de dossiês relacionados ao caso Eduardo Jorge, vice-presidente do PSDB. Ele disse que o jornalista Amaury Ribeiro Júnior, apontado pela Polícia Federal como mandante da quebra de sigilo fiscal de Eduardo Jorge, nunca trabalhou na campanha.

“O único contrato dele era com o (Luiz) Lanzetta (dono da Lanza Comunicação), que era contratado pela campanha. Mas eu nem conheço o Amaury. A nossa afirmação é a mesma desde o início. Nunca encomendamos ou mandamos elaborar um dossiê”, disse Dutra, aproveitando para acusar o próprio PSDB. “Parece mais uma briga instalada dentro do tucanato que quiseram colocar no nosso colo”.

A investigação da Polícia Federal, praticamente concluída, informa que o jornalista levantou as informações para o jornal “Estado de Minas”. Na época, outubro do ano passado, ele trabalhava para o jornal. Amaury pagou R$ 12 mil ao despachante Dirceu Rodrigues Garcia que, a partir de uma rede de auxiliares, obteve os dados de Eduardo Jorge na Receita Federal.

Em depoimento de oito horas à Polícia Federal, Amaury disse que ano passado, quando estava no “Estado de Minas”, foi escalado para investigar um suposto esquema de espionagem, contra o ex-governador Aécio Neves (PSDB), que teria sido montado por um suposto grupo do deputado Marcelo Itagiba (PSDB-RJ), ligado a Serra. Ele e Aécio eram potenciais candidatos do PSDB à presidência da República. O jornalista disse que, ainda em outubro do ano passado, entregou um relatório do caso ao “Estado de Minas” e deixou o jornal. As informações não foram publicadas.

No início deste ano, Amaury, que mantinha cópia do relatório em seu computador pessoal, foi chamado pelo empresário Luiz Lanzetta para montar uma equipe de inteligência da campanha de Dilma Rousseff. A tarefa seria conter vazamentos de informações do comitê central da campanha da ex-ministra.

A formação da equipe de inteligência - que contaria com a participação do sargento da reserva da Aeronáutica Idalberto Mathias, o Dadá, e o delegado aposentado da Polícia Federal Onésimo Souza - foi abortada antes da criação do grupo. Lanzetta se desentendeu com Onézimo sobre valores e o tipo de serviço que seria prestado.

Depois da briga, o caso foi tornado público e se transformou num dos grandes escândalos da campanha eleitoral. A partir daí, os deputados José Eduardo Cardozo (PT-SP) e Marcelo Itagiba pediram à PF para investigar a denúncia. Sete pessoas já foram indiciadas.

Serra atribui autoria a petistas

RIO DE JANEIRO - O candidato do PSDB à Presidência, José Serra, afirmou que a quebra de sigilo de tucanos e seus familiares foi “uma ação direta ou terceirizada da campanha do PT”. “Esse cidadão (o jornalista Amaury Ribeiro Júnior) foi imediatamente contratado pelo PT para levar o seu know how, fruto das suas espionagens. Seja a que ele fez ou a que ele iria fazer”.

Por meio de nota, o presidente nacional do PSDB, senador Sérgio Guerra (PE), disse que o PT, “na sua enorme arrogância, acha que o Brasil é feito de tolos”. O senador alega que, a poucos dias das eleições, “justamente no momento em que José Serra e Aécio Neves percorrem juntos o Brasil na defesa de um país mais ético e mais justo, o PT tenta ressuscitar mais um factoide que tem como único objetivo provocar a divisão das forças que se unem pela vitória de José Serra”.

Ainda na nota, o tucano afirma que a denúncia é uma “nova tentativa do PT demonstrar, na verdade, a gravidade dos fatos ocorridos no âmbito da coordenação da campanha da candidata Dilma Rousseff e, agora devidamente comprovados, merecem o repúdio das forças democráticas brasileiras”.

O presidente do PSDB garantiu que a criação de grupos de espionagem “não é prática das campanhas do PSDB em Minas, São Paulo ou de qualquer outro Estado”. Conforme Guerra, o “PT dá mais uma mostra de uso político das instituições do Estado, de como usa o Governo para atender a seus objetivos políticos”. O tucano afirmou também que, embora o depoimento não tenha sequer sido divulgado, “o PT se apressa em espalhar versões”.

Dossiê tucano

Origem em BH

2008

  • Antes de se decidir os possíveis candidatos à Presidência, um dossiê começou a ser montado em Belo Horizonte. A intenção era de levantar a movimentação financeira das empresas Decidir.com., com sede nas Ilhas Virgens, e Patagon, na Argentina.
  • Jornalista com vínculo profissional com o jornal “Estado de Minas”, Amaury Ribeiro Júnior foi o responsável pelo levantamento do material, com base na CPI do Banestado, em 2003. A CPI investigou a evasão de divisas do Brasil para paraísos fiscais entre 1996 e 2002, num total de cerca de US$ 84 bilhões.
  • Durante a produção do dossiê, o jornalista manteve o contato com José Serra, em São Paulo, depois de fazer todas as apurações das movimentações das duas empresas. A Decidir.com e Patagon eram das sócias Verônica Serra, filha de Serra, e de Verônica Dantas, irmã do banqueiro Daniel Dantas, dono do Banco Opportunity.
  • Com o conhecimento do dossiê, Serra viajou para Belo Horizonte para participar das comemorações dos 80 anos do jornal “Estado de Minas”. Além dele, outro governador presente foi José Roberto Arruda, do Distrito Federal, cotado para ser o vice indicado pelo DEM numa chapa com o PSDB. Arruda acabou perdendo mandato.

O assunto dominante na noite era o recado claro a José Serra, dado inclusive, indiretamente, no discurso de um dos diretores do jornal, que garantiu: “Não mexa com Minas, que Minas reage”.

Conclusões da PF

2009

  • Os dados dos tucanos foram encomendados pelo jornalista Amaury Ribeiro Júnior. jornalista não só fazia a encomenda dos dados obtidos ilegalmente em agências da Receita em São Paulo, mas ia a capital paulista buscar os documentos. As viagens eram pagas pelo jornal.
  • Amaury confirmou que pagou R$ 12 mil ao despachante Dirceu Rodrigues Garcia, que trabalha em São Paulo. A PF não sabe de onde saiu o dinheiro.
  • Garcia confirmou que Amaury pagou pelos dados do genro de José Serra, Alexandre Bourgeois, do dirigente tucano Eduardo Jorge, das sócias Verônica Dantas e Verônica Serra, além de outros integrantes do PSDB.
  • O jornalista decidiu fazer a investigação depois de descobrir que o deputado Marcelo Itagiba (PSDB-RJ) estaria comandando um grupo de espionagem a serviço de José Serra para devassar a vida do ex-governador Aécio Neves que tinha a intenção de disputar a Presidência.
  • Depois de deixar o emprego no jornal, no final de 2009, o jornalista participou de uma reunião, em abril passado, com integrantes da pré-campanha de Dilma Rousseff, em Brasília.No encontro, estava presente o delegado Onésimo de Souza.

PF descobre que Estado de Minas pagou passagens do jornalista do dossiê

Jornal arcou com despesas até julho de 2009, e as demais foram quitadas pelo funcionário Marcelo Augusto de Oliveira

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Origem do documento está na disputa entre Serra e Aécio no PSDB

O Jornal Estado de Minas pagou as passagens aéreas do jornalista Amaury Ribeiro Jr., que encomendou a violação dos sigilos fiscais dos tucanos. Em depoimento à Polícia Federal, Amaury afirmou que deixou oficialmente o jornal em 16 de outubro, tendo gozado férias de 30 dias antes disso. A quebra dos sigilos fiscais dos tucanos ocorreu entre 29 de setembro e 8 de outubro. As passagens foram faturadas pela agência de viagens Primus, que presta serviços ao jornal.

De acordo com o inquérito da Polícia Federal, uma declaração da agência de turismo confirma que o Estado de Minas só pagou, em nome da empresa, viagens para Amaury até julho do ano passado. A partir de setembro, os bilhetes, inclusive os adquiridos no período da quebra do sigilo fiscal, foram faturados em nome de Marcelo Augusto de Oliveira, funcionário do jornal até hoje. Dezoito passagens emitidas em favor de Amaury, a última delas datada de 22 de dezembro de 2009, foram pagas em dinheiro ou faturada em nome do funcionário.

A direção do jornal negou, em nota divulgada nesta quinta-feira (21), que tenha pago viagens de Amaury durante as férias. “Amaury Ribeiro Júnior trabalhou como repórter do Estado de Minas de 25 de setembro de 2006 a 15 de outubro de 2009. No dia 25 de setembro de 2009, o jornalista entrou em férias e as gozou até o dia 14 de outubro do mesmo ano. No dia 15 de outubro, o repórter pediu demissão. Nenhuma viagem do jornalista no período em questão foi custeada pelo jornal”, diz a nota.

Em depoimento à PF, o despachante paulista Dirceu Garcia admitiu que recebeu R$ 12 mil em dinheiro de Amaury para comprar as declarações de renda das pessoas próximas a Serra. Por sua vez, o jornalista confirmou que conhecia o despachante e que encomendou buscas em juntas comerciais, mas negou a compra de documentos sigilosos e desconversou sobre a forma de pagamento. Ele afirmou que levantou informações do vice-presidente do PSDB, Eduardo Jorge, e de outros tucanos e familiares de Serra, entre eles a filha Verônica, como parte de uma investigação de “mais de dez anos”, que foi concluída antes de ele pedir demissão do jornal “Estado de Minas”, em 15 de outubro de 2009.

A PF informou que Amaury Ribeiro Jr. disse que estava levantando as informações contra José Serra porque havia indícios de que um grupo de arapongagem ligado ao ex-governador de São Paulo estaria investigando Aécio Neves, à época cotado para ser o candidato tucano à Presidência. No entanto, no depoimento prestado à PF em 15 de outubro, Amaury diz que existe um grupo de inteligência tucano, comandado pelo deputado federal Marcelo Itagiba (PSDB-SP), mas não cita o nome nem faz menção ao ex-governador de Minas Gerais. Afirma que ouviu relatos de que o grupo tucano “estaria adiantado” em relação aos petistas e que, por isso, seria importante que a campanha de Dilma também tivesse seu próprio núcleo de inteligência.

  • O delegado afirmou à polícia que foi chamado para cuidar da segurança do escritório do jornalista Luiz Lanzetta, responsável, até então, pela coordenação de comunicação da campanha de Dilma. Lanzetta deixou a campanha em junho, após a revelação do caso, negando que teria participado da criação do dossiê.

http://www.hojeemdia.com.br/cmlink/hoje-em-dia/noticias/politica/pf-descobre-que-estado-de-minas-pagou-passagens-do-jornalista-do-dossie-1.190542

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Fogo amigo V, atualizado em 25.10.10:

O Globo confirma a Folha: O Estado de Minas pagou investigação contra Serra.

Matéria de O Globo de hoje confirma a primeira informação, dada pela matéria da Folha de S. Paulo:

Segundo as investigações, Amaury pagou R$ 12 mil por declarações de renda de pessoas ligadas ao PSDB, como o presidente do partido, Eduardo Jorge, e a filha do candidato José Serra, em setembro e outubro do ano passado, quando trabalhava para o jornal “O Estado de Minas”. (…) Amaury Ribeiro Jr. viajou a São Paulo, onde se deu a negociação, com passagens compradas pelo funcionário do jornal “Estado de Minas” Marcelo Augusto de Oliveira, que não foi ouvido pela PF. Ele trabalha para a diretoria e, entre outras tarefas, cuida das despesas de viagem de repórteres.

http://oglobo.globo.com/pais/eleicoes2010/mat/2010/10/25/jornalista-amaury-ribeiro-jr-presta-depoimento-na-policia-federal-de-brasilia-922857150.asp

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Com algum atraso (4 dias), Folha confirma informação de O Globo:

Agência diz que repórter comprou passagens com funcionário do ‘Estado de Minas’
29/10/2010 - 18h28

Ofício encaminhado à Polícia Federal na quarta-feira desta semana revela que o jornalista Amaury Ribeiro Jr. comprou passagens aéreas com um funcionário do jornal “Estado de Minas” que também trabalhava de forma autônoma, comercializando passagens para viagens particulares de empregados do periódico.

Amaury, que trabalhou no jornal, foi indiciado por suspeita de ter encomendado dados sigilosos de pessoas ligadas ao ao candidato à Presidência José Serra (PSDB).

Segundo o documento da agência de turismo onde as passagens foram expedidas, Marcelo Oliveira era a pessoa credenciada pelo jornal para solicitar compras de passagens. “O mesmo comprava também passagens e serviços para alguns diretores e funcionários quando em viagens particulares”, afirmou a agência à PF.

Oliveira aparece como responsável pelo serviço contratado em 11 viagens de Amaury, a partir de setembro –mês em que o jornalista entrou de férias– e depois de o repórter ter se desligado oficialmente do jornal, em outubro. Há registros de viagens compradas por Oliveira para Amaury até dezembro.

http://www1.folha.uol.com.br/poder/822563-agencia-diz-que-reporter-comprou-passagens-com-funcionario-do-estado-de-minas.shtml

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A última tentativa da mídia serrista de provar o improvável é que o jornalista Amaury Ribeiro Jr. fez uma pesquisa de dez anos… nas férias!

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Alguns artistas que assinaram o manifesto de apoio à candidatura de Dilma Rousseff:

Chico Buarque de Holanda - músico e escritor
Oscar Niemeyer - arquiteto
Aderbal Freire Filho - diretor de teatro
Alceu Valença - músico
Alcione - cantora
Aldir Blanc - compositor e escritor
André Klotzel - cineasta
Antonio Grassi - ator
Beth Carvalho - cantora
Chico Cesar - cantor e compositor
Chico Diaz - ator
Dira Paes - atriz
Domingos de Oliveira - diretor teatral, cineasta
Edgar Vasques - cartunista
Eric Nepomuceno - jornalista e escritor
Hugo Carvana - ator e cineasta
Janaina Diniz - cineasta
João Bosco - cantor e compositor
José Joffily - cineasta
Lucélia Santos - atriz
Luiz Antonio de Assis Brasil - escritor
Marieta Severo - atriz
Mario Prata - escritor e dramaturgo
Monarco - compositor
Monique Gardenberg - cineasta e diretora de teatro
Murilo Salles - cineasta
Nelson Sargento - compositor
Otto - cantor e compositor
Paulo Betti - ator
Paulo Halm - roteirista e cineasta
Pedro Cardoso - ator
Ruy Guerra - cineasta
Tata Amaral - cineasta
Wagner Tiso - músico
Walter Carvalho - cineasta
Walter Lima Júnior - cineasta
Yamandu Costa - Músico
Ziraldo - desenhista, escritor, pintor