por Jorge Furtado
em 07 de janeiro de 2011
Geraldo Flach foi um grande artista, o primeiro que eu conheci. Lembro da sensação de espanto ao ouvi-lo tocar ao piano uma belíssima melodia e descobrir que ele tinha acabado de fazê-la, talvez eu fosse seu primeiro ouvinte. Eu não sabia que era possível criar assim, aparentemente do nada.
Lembro do orgulho que senti ao ouvir a trilha que ele compôs para “Barbosa”, curta que dirigi em parceria com Ana Azevedo, e pensar que de certa forma o nosso filme era responsável por sua existência. Geraldo compôs um chorinho para o filme que é dos melhores que eu conheço, nível Pixinguinha de qualidade. E a trilha final, que reafirma a dor do personagem e a tragédia do país, é de cortar o coração.
Lembro de ter sugerido o Guarany do Carlos Gomes para trilha do “Ilha das Flores” (1), foi do Geraldo a idéia das duas versões, uma na abertura, orquestrada, e outra no final, na guitarra, para quem ele chamou o Zé Flávio, que arrasou no solo.
Geraldo era um artista extraordinariamente generoso, capaz de dar sempre o melhor do seu talento a qualquer trabalho. Se a música é a mais comovente das artes, pura abstração, emoção em forma física, e se todas as artes aspiram a condição de música, todos os artistas deveriam aspirar o talento de Geraldo Flach, que vai fazer muita falta.
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Para ouvir:
“Fantasia sobre O Guarani”, de Geraldo Flach, com Zé Flávio na guitarra, trilha de “Ilha das Flores”:
https://www.casacinepoa.com.br/uploads/Ilha_das_flores.mp3
“O Silêncio e a culpa”, de Geraldo Flach, trilha final de “Barbosa”:
https://www.casacinepoa.com.br/uploads/Barbosa.mp3
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Sobre Geraldo Flach, no Dicionário Cravo Albin
https://dicionariompb.com.br/artista/geraldo-flach/
(1) O Giba lembra do Sergio Amon ter sugerido o Guarany, acho que foi isso mesmo. O Geraldo compôs outra trilha para o filme, que não foi usada. Alô Giba: que tal botar no nosso site todas as trilhas que o Geraldo fez para os nossos filmes?