Demóstenes, ora veja.

por Jorge Furtado
em 31 de março de 2012

Demóstenes foi eleito senador por Goiás com o número 251. Se você quiser jogar no bicho, invertido do primeiro ao quinto, lembre-se que 51 é galo.

Todos os jornais de hoje reproduzem trecho das conversas gravadas, com autorização judicial, entre o Senador Demóstenes Torres (DEM) e o contraventor Carlinhos Cachoeira (no momento, preso).

Os constrangedores diálogos não deixam qualquer dúvida de que o senador - líder do DEM, relator do projeto da Ficha Limpa, autor de projeto de lei que transforma a corrupção em crime hediondo, crítico feroz dos governos Lula e Dilma, paladino da moral e dos bons costumes - nada mais era que um despachante do bicheiro de Goiás.

A decisão da Justiça, que botou a quadrilha na cadeia, diz o seguinte, na página 3:

“Detectou-se ainda, nas investigações, os estreitos contatos da quadrilha com alguns jornalistas para a divulgação de conteúdo capaz de favorecer os interesses do crime”.

Uma pista: as gravações da Polícia Federal mostra mais de 200 telefonemas trocados entre Carlinhos Cachoeira e o jornalista Policarpo Jr., diretor da sucursal de Brasília da revista Veja.

Todos os jornais de hoje trazem muitas matérias sobre a morte de Millôr Fernandes, gênio da raça, e também sobre o fim da carreira política do ex-moralista Demóstenes Torres. Nenhuma fala da revista Veja, onde Millôr escreveu por muitos anos e que, muito provavelmente, serviu de braço midiático da quadrilha de Goiás.

A primeira omissão é pelo mais justificado respeito. A segunda, pelo mais cretino corporativismo.

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Para ler a decisão da Justiça, clique aqui

Para ler uma lista da matérias que Cachoeira plantou na Veja, clique aqui.

Para saber tudo sobre as relações da revista Veja com Carlinhos Cachoeira, Demóstenes Torres e outros contraventores, clique aqui.