por Jorge Furtado
em 07 de maio de 2014
Em tempos digitais, muitas vezes quem busca informações tem acesso ao fato antes que haja tempo dele virar notícia que, se não vier acompanhada de análise correta, se torna inútil.
O vídeo, com 1 minuto e 41 segundos:
http://www.youtube.com/watch?v=yuO6wPidF7I
A notícia (os grifos são meus):
http://oglobo.globo.com/pais/ex-assessor-de-deputada-petista-preso-no-senado-por-insultar-aloysio-nunes-12403718
Manchete:
Ex-assessor de deputada petista é preso no Senado por insultar Aloysio Nunes no senado.
Chamada:
Conhecido como Pilha, militante é o mesmo que agrediu o presidente do STF, Joaquim Barbosa, na saída de um restaurante no mês passado
Texto:
BRASÍLIA - Está preso na Policia do Senado o militante petista e ex-assessor da deputada Erica Kokay (PT-DF), Rodrigo Grassi, depois de quase se atracar com o líder do PSDB, Aloysio Nunes Ferreira (SP), na saída do plenário. Conhecido como Pilha, o militante é o mesmo que agrediu o presidente do Supremo Tribunal Federal, Joaquim Barbosa, na saída de um restaurante no mês passado. Ele se identificou para Aloysio como dono do blog Botando Pilha.Com. Quando o tucano parou para conversar, ele o questionou sobre porque o PSDB não deixava instalar em São Paulo uma CPI para investigar o caso Alstom. Aloysio respondeu até então, calmo. Mas quando ele perguntou o que tinha a dizer sobre seu “envolvimento” no escândalo do cartel do metrô em São Paulo, Aloysio partiu para cima do militante para lhe bater. Rodrigo saiu correndo de costas e filmando a investida do senador, avisando que o vídeo estaria em seu blog logo em seguida. Foi alcançado pelos seguranças do Senado antes que conseguisse entrar em um carro na saída.
-- Eu não tinha outra atitude que não partir para cima dele para lhe dar um pescoção. Eu fui agredido! Não tenho envolvimento em caso nenhum de metrô. É assessor da deputada Érica Kokay que agrediu o ministro Joaquim Barbosa? É um bando de vagabundos, cafajestes! Só não dei um pescoção nele porque ele correu mais do que eu! - disse o senador.
Nas dependências da polícia legislativa, a primeira providência de Rodrigo Pilha foi ligar para a deputada Érica Kokay. Na época da agressão a Joaquim Barbosa na porta da restaurante, a deputada petista o defendeu, dizendo que não estava a serviço e tinha o direito de livre manifestação. Mas pressionada pelos líderes da oposição, acabou exonerando o funcionário.
-- Aconteceu uma agressão a um senador da República. Estamos investigando como ele entrou nas dependências do Senado - disse o chefe da Polícia Legislativa do Senado, Pedro Araújo Carvalho.
Segundo Pedro, até as 21h30min a deputada não tinha ligado para interferir em defesa de Rodrigo Pilha. O senador Aloysio Nunes foi um dos líderes da oposição a pedir à Mesa da Câmara a punição do assessor da deputada petista pelas agressões a Joaquim Barbosa.
Depois da agressão a Joaquim Barbosa com um grupo de militantes na saída de um restaurante, Rodrigo Pilha postou um vídeo em seu blog onde, sem camisa e de óculos escuros, chama o ministro do Supremo de covarde, autoritário e coxinha. “Tá nervoso ministro, tá brabinho? Pega uma daquelas máscaras sua que estão encalhadas e vai pular carnaval”.
xxx
Depois de ver o vídeo e ler a notícia, pergunte-se:
- Qual é fato?
- A manchete informa que o rapaz foi preso “por insultar” o senador. Qual o insulto? Quem insultou quem? Quais os insultos proferidos por Rodrigo? E pelo senador?
- A matéria informa que “Aloysio partiu para cima do militante para lhe bater. Rodrigo saiu correndo”. Quem tentou agredir quem?
- O senador afirma: “Eu não tinha outra atitude que não partir para cima dele para lhe dar um pescoção”. (No dicionário, “pescoção” é “uma pancada dada com a mão aberta na parte de trás do pescoço”). Era a “única atitude” possível do senador?
- A matéria informa que Rodrigo Grassi foi preso “depois de quase se atracar” com o senador. Também informa que o senador partiu “para cima dele” e que Rodrigo “saiu correndo”. A atitude de Rodrigo pode ser definida como “quase se atracar”?
- O senador afirma: “Eu fui agredido!” Qual foi a agressão sofrida pelo senador?
- O chefe da Polícia Legislativa do Senado, Pedro Araújo Carvalho, afirma: “Aconteceu uma agressão a um senador da República”. Qual a agressão?
- A matéria informa que Rodrigo “agrediu o presidente do Supremo Tribunal Federal, Joaquim Barbosa, na saída de um restaurante, no mês passado”. Que espécie de agressão?
- A matéria informa que Rodrigo, depois de “agredir” o ministro Joaquim Barbosa, publicou um post onde estava “sem camisa e de óculos escuros”. O fato é relevante em que sentido?
xxx
Outra redação possível para a notícia, a partir do mesmo fato:
Manchete:
Senador Aloysio Nunes tenta agredir blogueiro.
Chamada:
Ao ouvir pergunta sobre seu suposto envolvimento no escândalo do cartel do metrô paulista, senador partiu para cima do repórter para, segundo declarou, lhe dar “um pescoção”.
BRASÍLIA - O blogueiro Rodrigo Grassi teve que correr mais que o senador Aloysio Nunes para não levar “um pescoção”, como descreveu o próprio senador.
Rodrigo se identificou para Aloysio como dono do blog Botando Pilha.Com. Quando o tucano parou para conversar, ele o questionou sobre porque o PSDB não deixava instalar em São Paulo uma CPI para investigar o caso Alstom. Aloysio respondeu até então, calmo. Mas quando ele perguntou o que tinha a dizer sobre seu “envolvimento” no escândalo do cartel do metrô em São Paulo, Aloysio partiu para cima do militante para lhe bater. Rodrigo saiu correndo de costas e filmando a investida do senador, avisando que o vídeo estaria em seu blog logo em seguida. Foi alcançado pelos seguranças do Senado antes que conseguisse entrar em um carro na saída.
-- Eu não tinha outra atitude que não partir para cima dele para lhe dar um pescoção. Eu fui agredido! Não tenho envolvimento em caso nenhum de metrô. É assessor da deputada Érica Kokay que agrediu o ministro Joaquim Barbosa? É um bando de vagabundos, cafajestes! Só não dei um pescoção nele porque ele correu mais do que eu! - disse o senador.
Conhecido como Pilha, o militante é o mesmo que hostilizou o presidente do Supremo Tribunal Federal, Joaquim Barbosa, na saída de um restaurante no mês passado. Na ocasião, ao ser entrevistado sobre o ocorrido, o Ministro Joaquim Barbosa afirmou que viu aquilo que chamou de “protesto” com “absoluta naturalidade”. “Eu nem notei, quando fui notar já estava dentro do carro. Foi quando vi que eram 3 ou 4 pessoas se manifestando. O Brasil é uma democracia, faz parte das liberdades”. (1)