Nós que amávamos tanto Ettore Scola

por Jorge Furtado
em 19 de janeiro de 2016

Se você gosta muito de cinema já deve ter feito um dia a sua lista de filmes preferidos, e se não fez faça, é divertido. Eu fiz muitas, muitas vezes, por muitos anos, e sempre mantive no topo, como o meu filme preferido, Nós que nos amávamos tanto, de Ettore Scola. Vi o filme muitas vezes. Acho que vi quase todos os 41 filmes que ele dirigiu, alguns deles muitas vezes, e pretendo revê-los, sempre que puder.

Scola era um mestre, talvez um dos últimos grandes artistas do cinema, um intelectual bem humorado, um humanista, um extraordinário contador de histórias, brilhante e simples. Tive a sorte de conhecê-lo, quando a convite da Casa de Cinema e da Prefeitura, com uma carta escrita pelo Giba, ele veio a Porto Alegre, para um encontro memorável, deu uma palestra na Assembléia Legislativa para um auditório lotado de sortudos como eu.

O cinema de Scola é para mim uma espécie de hino de amor ao ser humano comum, ao irmão imperfeito, carente, egoísta, mesquinho, apaixonado e tolo, aos feios, sujos e malvados, que todos somos. Scola construiu grandes, extraordinários personagens em seus muitos belíssimos filmes, persongens pelos quais nos apaixonamos porque seu autor também os amou, os compreendeu, torceu e sofreu por eles. Num tempo em que o cinema depende de super-heróis ou caricaturas, os personagens de Ettore Scola nos fazem lembrar que ser humano é bom, que a vida real e os sentimentos humanos, nossos medos, desejos, angústias e tolices, são material inesgotável para grandes histórias.

Estou muito triste com a sua morte, o cinema perdeu um de seus últimos grandes mestres.

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Minha lista de 10 filmes preferidos do Ettore Scola:

  • Nós que nos amávamos tanto
  • A Família
  • Feios, sujos e malvados
  • Um dia muito especial
  • A Viagem do Capitão Tornado
  • Rocco Papaleo
  • O Terraço
  • O Baile
  • Casanova e a Revolução
  • Que estranho chamar-se Federico

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Sobre a carta-convite escrita pelo Giba, Scola disse que, ao lê-la, sentiu que aqui “havia um fogo”. Ele veio a Porto Alegre ainda se recuperando de uma cirurgia e tratou a todos com extrema gentileza, contou ótimas histórias, falou sobre o cinema com uma paixão juvenil.