I love you but

por Giba Assis Brasil
em 22 de setembro de 2016

Na Protásio Alves, voltando do almoço, um par me chama atenção. Uma mulher negra, talvez menos de 30, segurando pelo braço uma senhora de idade, branca, que caminhava com dificuldade. Claramente uma relação profissional: a cuidadora e a velha, uma conduzindo a outra, com paciência, mas, ao menos nos poucos segundos em que elas cruzaram o meu campo de visão, sem grandes demonstrações de afeto. O que me atraiu: a camiseta da jovem, onde estava escrito “I love you but I’ve chosen fashion”.

“Eu te amo mas escolhi a moda.” O que pode significar isso? Uma opção profissional - para alguém que trabalha com moda, seria mais importante a carreira do que o namorado? Uma opção estética - eu te amo, mas infelizmente você se veste muito mal (ou corta a massa com garfo e faca)? Ou seria, mais radicalmente, uma opção existencial - estou apaixonado, mas isso não se usa mais?

Nenhuma dessas possibilidades parecia caber na situação da mulher caminhando pela avenida, levando a patroa para almoçar, ou para um passeio depois do almoço, ou de volta para a casa da filha também patroa. A camiseta, por sinal, não parecia nada “fashion”: branca com letras pretas, já bastante usada, simples, sem atrativos.

Mas o texto, a mensagem que alguém escreveu e eu li, num outdoor humano: 35 referências no Google, quase todas se referindo a camisetas e jaquetas, vendendo diretamente ou marcando presença em eventos de moda. Ninguém tentando entender. Só eu?

Fora Temer.


COMENTÁRIOS

Enviado por Isabel em 21 de novembro de 2016.

Olá, Giba. Estou visitando, pela primeira vez, a página da Casa de Cinema e deparei-me com seu texto. Não sei bem o que você quer questionar ou se, realmente, questiona algo. No entanto, me incomodou a introdução toda… não sei explicar.

Enviado por Giba Assis Brasil em 27 de novembro de 2016.

Oi Isabel. Obrigado pela visita, e desculpe a demora em responder. Também não sei muito bem o que eu estava querendo questionar. Talvez um certo excesso de “mensagens” nesse mundo, com cujo significado a maioria das pessoas não se preocupa. Talvez a minha preocupação em querer achar significados em tudo. Mas, por algum motivo, achei que eu deveria contar essa história pra alguém. Abraço.