por Giba Assis Brasil
em 25 de maio de 2017
Cinco anos atrás o Jorge publicou aqui alguns ótimos “poemas ortográficos”. Por coincidência, já na época eu tinha um, mais antigo e mais pretensioso, que eu chamava de “gramatical”. De lá pra cá apareceram outros. Quatro já dá pra ser uma série, eu acho. Seguem eles, então.
POEMA GRAMATICAL 1
Não acredito na
palavra oxítona,
que é proparoxítona.
(abr/1998)
POEMA GRAMATICAL 2
“Ninguém para o Barcelona”,
dizia a manchete do UOL,
na página chinelona
dos textos de futebol.
Lendo assim até parece
que lá no time do Messi
não pode entrar mais ninguém.
Porém, quem for ler o texto,
Vai perceber o contexto
(se é que eu entendi bem).
“O Barça ninguém mais para”
ficaria mais na cara,
dava melhor compreensão.
O verbo, desacentuado,
parece preposição,
depois do acordo acordado.
E o Barça é o time da vez
campeão incontestado
porque desde 2006
não enfrenta o Colorado.
(set/2015)
POEMA GRAMATICAL 3
Substantivo é um substantivo.
Mas isso não é conclusivo,
porque pronome, preposição,
advérbio, interjeição,
conjunção, verbo, adjetivo
também são.
(nov/2015)
POEMA GRAMATICAL 4
Quem tem uma obsessão
tem apenas uma ideia,
fixa, no seu quadrado.
Não dá a menor atenção
pro texto, nem pra plateia,
pois está obsedado.
Mas quem está obcecado
está cego de ocasião.
Tem o olho enuviado
(talvez pela ideia urgente
de quem tem obsessão).
Mas o que tem, certamente,
é uma obcecação.
(mai/2017)