(a partir de um cartum do Allan Sieber que o Jorge Furtado me enviou)
O livro que o Arthur Clarke escreveu em paralelo ao roteiro de “2001, uma odisseia no espaço” começa com a frase: “Erguem-se trinta fantasmas atrás de cada homem vivo.” Essa era a proporção, calculada na época (1968), entre a população mundial e o total estimado de “criaturas humanas que já pisaram o planeta Terra desde que o mundo existe”.
Do ponto de vista da reencarnação, significa (ou significava) que cada um de nós já teria passado por 29 vidas antes da atual - o que é muito pouco: chutando bem pra cima uma média de 60 anos por vida, e considerando que o homo sapiens exista há pelo menos 50 mil anos, daria 1.800 anos por aqui contra 48.200 “no outro plano”, esperando alguma chance de voltar. Haja paciência e harpas.
Significava, porque é claro que este cálculo tem que ser atualizado. Um estudo recente assinado pelos demógrafos Toshiko Kaneda e Carl Haub, do Population Reference Bureau, estima um total de 108,7 bilhões de seres humanos, dos quais 7,7 bilhões estão vivos hoje - o que dá pouco mais de 14 fantasmas pra assombrar cada vivente.
Ou seja, nossa perspectiva de reencarnação, nos últimos 50 anos, foi reduzida à metade. E provavelmente vai continuar diminuindo, o que é um paradoxo interessante para os espiritualistas: quanto mais avançamos pro futuro, menos passado per capita temos pra descobrir na terapia de vidas passadas.
Claro que o pessoal do Allan Kardec tem uma explicação perfeitamente lógica pra esse paradoxo, e eu não faço questão de saber qual é. Mas não há dúvida de que o estudo de Kaneda & Haub é um ponto a favor do budismo, segundo o qual podemos reencarnar como gerente do Bradesco, passarinho, árvore, pedra ou até mesmo membro da família Bolsonaro - tudo depende de como nos comportamos por aqui.
cartum de Allan Sieber