O mundo previa a peste
e a gente ria da gripezinha.
O mundo fazia o teste
que aqui não tinha,
pois foi trazido num fim de feira
pra ser esquecido na prateleira.
O mundo se protegia,
fechava as portas, ficava em casa
e a gente na negação:
(pessoas mortas, na cova rasa)
“Se fecha, eu abro!
Quer proteção? Enfia no rabo!”
O mundo trocava o chefe
que só convinha pro retrocesso
e a gente dizia: “a culpa
é do Congresso ou do STF,
só não é minha!”
O mundo se preparava,
começou cedo a fazer vacina.
E a gente no plano zero:
“Essa eu não quero, essa é da China,
compra placebo, dá cloroquina!”
O mundo se defendendo da pandemia
e a gente segue morrendo:
três mil por dia.
Passou um ano,
caiu ministro, caiu fulano,
caos na saúde, cadê sossego?
caiu a renda, caiu o emprego,
caiu a vida,
só o genocida ainda não caiu.
E agora o mundo tá perguntando:
Brasil, até quando?
Até quando, Brasil?