Uma escritora negra só pode ser traduzida por uma tradutora negra?

https://youtu.be/LZ055ilIiN4

“A jovem poeta negra Amanda Gorman tornou-se um sucesso internacional depois de ler o seu poema “The Hill We Climb” (A colina que subimos) na posse de Joe Biden. Dezessete editoras rapidamente compraram os direitos. Para a edição holandesa, Gorman sugeriu uma escritora holandesa branca e não binária cuja obra, vencedora do Booker Prize, ela admirava. É a única boa razão para a escolha de um tradutor: Gosto do seu trabalho, gostaria de fazer uma tentativa com o meu? Então uma holandesa negra blogueira de moda escreveu um artigo dizendo que a obra de Gorman deveria ser traduzida por uma mulher negra. A autora branca desistiu do trabalho, mas a história repercutiu pela Europa. Uma tradução catalã já tinha sido feita e paga, mas, pelo fato do tradutor ser um homem branco, foi contratada nova tradução. Encontraram um rapper negro para a tradução sueca, mas, devido à escassez de tradutores negros, a Dinamarca contratou uma mulher parda que usa hijab. A editora alemã encontrou uma solução alemã e contratou uma comissão de tradutoras: uma negra, uma parda e uma branca.”

Susan Neiman, “A esquerda não é woke”. Editora Âyiné, Belo Horizonte, 2023


Segue o texto original em inglês e cinco traduções. Três foram feitas por mulheres, uma branca, uma negra e uma da qual eu não sei a cor. Uma foi feita por um homem branco. Uma foi feita por Inteligência Artificial. Você saberia distinguir qual é qual? Nos comentários, a resposta.


“The Hill We Climb” - Amanda Gorman

When day comes we ask ourselves, where can we find light in this neverending shade?

The loss we carry, a sea we must wade. We’ve braved the belly of the beast, we’ve learned that quiet isn’t always peace and the norms and notions of what just is, isn’t always justice. And yet the dawn is ours before we knew it, somehow we do it, somehow we’ve weathered and witnessed a nation that isn’t broken but simply unfinished.

We, the successors of a country and a time where a skinny black girl descended from slaves and raised by a single mother can dream of becoming president only to find herself reciting for one. And, yes, we are far from polished, far from pristine, but that doesn’t mean we are striving to form a union that is perfect, we are striving to forge a union with purpose, to compose a country committed to all cultures, colors, characters and conditions of man. So we lift our gazes not to what stands between us, but what stands before us. We close the divide because we know to put our future first, we must first put our differences aside. We lay down our arms so we can reach out our arms to one another, we seek harm to none and harmony for all.

Let the globe, if nothing else, say this is true: that even as we grieved, we grew, even as we hurt, we hoped, that even as we tired, we tried, that we’ll forever be tied together victorious, not because we will never again know defeat but because we will never again sow division.

Scripture tells us to envision that everyone shall sit under their own vine and fig tree and no one should make them afraid. If we’re to live up to our own time, then victory won’t lie in the blade, but in in all of the bridges we’ve made. That is the promise to glade, the hill we climb if only we dare it because being American is more than a pride we inherit, it’s the past we step into and how we repair it. We’ve seen a force that would shatter our nation rather than share it. That would destroy our country if it meant delaying democracy, and this effort very nearly succeeded. But while democracy can periodically be delayed, but it can never be permanently defeated.

In this truth, in this faith, we trust, for while we have our eyes on the future, history has its eyes on us, this is the era of just redemption we feared in its inception we did not feel prepared to be the heirs of such a terrifying hour but within it we found the power to author a new chapter, to offer hope and laughter to ourselves, so while once we asked how can we possibly prevail over catastrophe, now we assert how could catastrophe possibly prevail over us. We will not march back to what was but move to what shall be, a country that is bruised but whole, benevolent but bold, fierce and free, we will not be turned around or interrupted by intimidation because we know our inaction and inertia will be the inheritance of the next generation, our blunders become their burden. But one thing is certain: if we merge mercy with might and might with right, then love becomes our legacy and change our children’s birthright.

So let us leave behind a country better than the one we were left, with every breath from my bronze, pounded chest, we will raise this wounded world into a wondrous one, we will rise from the golden hills of the West, we will rise from the windswept Northeast where our forefathers first realized revolution, we will rise from the lake-rimmed cities of the Midwestern states, we will rise from the sunbaked South, we will rebuild, reconcile, and recover in every known nook of our nation in every corner called our country our people diverse and beautiful will emerge battered and beautiful, when the day comes we step out of the shade aflame and unafraid, the new dawn blooms as we free it, for there is always light if only we’re brave enough to see it, if only we’re brave enough to be it.

Amanda Gorman


A Colina que Subimos

Quando amanhece nós perguntamo-nos:
Nesta interminável sombra, onde podemos luz achar?

Esta perda que carregamos, o mar que temos de cruzar.
Nós afrontamos a barriga da besta,
nós aprendemos que a quietude não é sempre paz.
E que as normas e noções do que é justo
nem sempre são justiça.
E no entanto o amanhecer é nosso num ápice,
de alguma forma conseguimos. De alguma forma resistimos
e vimos uma nação que não está quebrada, mas apenas inacabada.

Nós, os herdeiros de um país e de um tempo
em que uma pequena rapariga Negra descendente de escravos
e criada por uma mãe solteira pode sonhar ser presidente
e logo ver-se a declamar para um.
E, sim, estamos longe de ser polidos, longe de ser impolutos,
e isso não significa que estejamos a procurar formar uma união que seja perfeita.
Nós estamos a procurar erguer uma união com propósito.
Formar um país aberto a todas as culturas, cores, caracteres e condições humanas.
E assim nós erguemos o olhar não para aquilo que nos separa,
mas para o que está diante de nós. Nós vemos o fosso fechar,
por sabermos que para colocar o nosso futuro em primeiro lugar
temos em primeiro lugar de colocar de lado as nossas diferenças.
Nós abandonamos as armas para darmos as mãos uns aos outros.
Nós não queremos dano para ninguém, mas harmonia para todos.

Deixemos o mundo, ao menos, dizer que isto é verdade:
que mesmo quando sofríamos, crescíamos;
que mesmo quando doía, tínhamos esperança;
que mesmo quando nos cansávamos, tentávamos;
que estaremos sempre juntos na vitória,
não por nunca voltarmos a sofrer derrota
mas por nunca voltarmos a semear divisão.

As escrituras dizem-nos para imaginarmos que todos se sentem debaixo da sua própria vinha e figueira e que ninguém os faça recear.
Se quisermos estar à altura do nosso tempo,
a vitória não estará na lâmina da destruição
mas em todas as pontes em construção.
Esta é a prometida clareira,
a colina que nós subimos se isso ousarmos,
porque ser Americano
é mais do que um orgulho que herdamos -
é o passado em que mergulhamos e a forma como o reparamos.
Nós vimos uma força que fragmentaria a nossa nação
em vez de a partilhar,
que destruiria o nosso país se adiasse a democracia.
E quase conseguiram.
Mas se a democracia pode às vezes ser adiada,
não pode nunca ser permanentemente derrotada.

Confiamos nesta verdade, nesta fé
porque quando pomos os olhos no futuro
o futuro põe os olhos em nós.
Esta é a era da justa redenção.
Receamos no início.
Não nos sentíamos preparados para ser os herdeiros de tão aterradora hora
mas no seu seio descobrimos o poder
de escrever um novo capítulo, de nos oferecermos confiança e riso.
Assim, enquanto outrora perguntávamos ‘como podemos vencer a catástrofe,
agora dizemos: ‘como pode a catástrofe alguma vez vencer-nos?

Não vamos marchar de regresso ao que foi, mas avançar para o que deve ser:
um país que está ferido, mas inteiro,
benevolente, mas audaz, forte e livre.
Nós não recuaremos ou nos deteremos
ante a intimidação porque sabemos que a nossa inação
e inércia serão o legado da próxima geração.
Os nossos erros serão os seus encargos
mas uma coisa é certa:
e juntarmos perdão com poder, e poder com retidão,
então o amor torna-se a nossa herança
e a mudança um direito inato das nossas crianças.
Vamos pois deixar um país melhor do que aquele que nos deixaram.
Com cada fôlego do meu peito cinzelado a bronze,
nós transformaremos este mundo ferido num mundo maravilhoso.

Ressurgiremos das colinas douradas do Oeste,
ressurgiremos do Noroeste varrido pelos ventos,
onde os nossos antepassados começaram a revolução.
Ressurgiremos das cidades à beira dos lagos dos estados do Midwest.
Ressurgiremos do Sul banhado pelo sol.
Nós reconstruiremos,
reconciliaremos e recuperaremos todos os recantos conhecidos da nossa nação
e em cada canto que chamamos nosso país,
o nosso povo diverso e belo surgirá fustigado e belo.
Quando amanhecer, nós deixaremos a sombra,
ardentes e sem medo.
Uma nova madrugada floresce enquanto a libertamos.
Porque há sempre luz se formos suficientemente bravos para a ver,
se formos suficientemente bravos para o ser.”

Tradução de [1]


A COLINA QUE SUBIMOS

Quando amanhece, perguntamo-nos
onde encontrar luz nesta interminável sombra?’
A perda que carregamos, um mar para vadear.
Enfrentámos a barriga da besta.
Aprendemos que sossego nem sempre é paz,
e as normas e noções do “justo” nem sempre são justiça.
Porém, a aurora é nossa antes de sabermos.
De alguma forma a fazemos.
De alguma forma resistimos e testemunhamos
uma nação que não está falida, mas simplesmente interrompida.
Nós, os herdeiros de um país e de um tempo, onde uma miúda negra magricela descendente
de escravizados e criada por uma mãe solteira pode sonhar em tornar-se presidente, e logo
ver-se a declamar para um.
E sim, estamos longe da polidez, longe da limpidez,
mas isso não significa que lutamos por uma união perfeita.
Nós lutamos para forjar a nossa união com propósito.
Compor um país comprometido com todas as culturas, cores, feitios e condições humanas.
E assim não erguemos o nosso olhar para o que está entre nós,
mas para o que está diante de nós.
Fechamos o fosso porque colocar o nosso futuro em frente,
implica antes colocar as nossas diferenças de lado.
Baixarmos as armas para nos abraçarmos mutuamente.
Não queremos magoar ninguém, mas harmonia para toda a gente.
Deixemos o globo, se nada mais, dizer que isto é verdade:
Que mesmo enquanto sofríamos, crescíamos.
Que mesmo enquanto doía, tínhamos esperança.
Que mesmo durante o cansaço, tentávamos.
Que permaneceremos para sempre em união e vitória.
Não porque nunca mais vamos conhecer a aniquilação,
mas porque nunca mais vamos semear a divisão.
As escrituras sugerem que imaginemos que cada pessoa se poderá sentar
debaixo da sua própria vinha e figueira e ninguém a conseguirá assustar.
Se quisermos viver à altura do nosso tempo,
então a vitória não residirá na lâmina,
mas em todas as pontes que construímos.
Essa é a promessa-clareira, a colina a subir, se assim ousarmos.
Porque ser da América é mais do que um orgulho que herdamos.
É o passado em que entramos e a forma como o reparamos.
Nós vimos uma força que fragmentaria a nossa nação em vez de a compartilhar.
Que destruiria o nosso país se isso significasse a democracia adiar.
Esse esforço foi quase bem-sucedido.
Mas se a democracia pode, periodicamente, ser adiada,
ela nunca pode ser permanentemente derrotada.
É nesta verdade e nesta fé que confiamos,
porque enquanto olhamos para o futuro, a História está de olho em nós.
Esta é a era da justa redenção.
Temíamos isso desde a iniciação.
Não tínhamos ainda a preparação para herdar tão aterradora hora,
mas no seu seio, descobrimos o poder para escrever um novo capítulo,
e para oferecer, a nós próprios, confiança e sorrisos.
Assim, enquanto outrora perguntávamos ‘como é possível vencermos a catástrofe?’,
agora anunciamos: ‘Como será possível a catástrofe vencer sobre nós?’
Não vamos marchar de regresso ao que foi, mas avançar para o que deve ser:
Um país que está ferido, mas inteiro,
benevolente, mas audaz,
feroz e livre. Nós não vamos recuar ou ser interrompidos por intimidação,
sabemos que a inação e inércia seriam o legado da próxima geração.
As nossas falhas tornam-se os seus fardos.
Mas uma coisa é certa:
Se fundirmos bondade com força, e força com razão,
então o amor torna-se a nossa herança
e a mudança, um direito à nascença da criança.
Então deixemos para trás um país melhor do que aquele que nos deixaram.
Com cada sopro do meu peito socado a bronze,
nós elevaremos este mundo ferido a um mundo maravilhoso.
Nós nos levantaremos das colinas douradas do Oeste.
Nós nos levantaremos do nordeste varrido pelo vento,
onde os nossos antepassados fizeram a primeira revolução.
Nós nos levantaremos das cidades à beira dos lagos de Midwest.
Nós nos levantaremos do Sul escaldado pelo sol.
Nós vamos reconstruir, reconciliar e recuperar.
Cada recanto conhecido da nossa nação, cada esquina a que chamamos país,
o nosso povo, diverso e belo, irá emergir, flagelado e belo.
Quando amanhece, nós saímos da sombra, ardentes e sem medo.
Uma nova aurora floresce enquanto a libertamos.
Porque há sempre luz,
se tivermos coragem suficiente para a ver,
se tivermos coragem suficiente para a ser.

Tradução de [2]


A colina que subimos

Quando chegar a hora, vamos nos perguntar:
onde encontrar luz para essa sombra sem fim?
As perdas que aguentamos, um mar que precisamos navegar.
Nós enfrentamos a fera pelo ventre.
Aprendemos que silêncio nem sempre é sinal de paz,
e as normas e noções do “justo” que não faz justiça.
Mesmo assim, o sol nasce para nós antes do esperado.
De algum modo, conseguimos.
De algum modo, aguentamos e testemunhamos uma nação que não está destruída, apenas incompleta.
Nós, sucessores de um país e de uma época onde uma garota Negra magrela que descendeu de escravos e foi criada por uma mãe solteira pode sonhar em se tornar presidente, até se dar conta de que está declamando para um.
E sim, estamos longe de sermos polidos, de sermos impecáveis,
o que não quer dizer que lutamos para formar uma união perfeita.
Estamos lutando para forjar uma união com propósito.
Compor um país comprometido com todas as culturas, cores, caracteres, e condições humanas.
E assim voltamos os olhos não para o que existe entre nós, mas para o que está adiante.
Nós encerramos o que nos divide porque sabemos, por um futuro em primeiro plano, primeiro colocamos as diferenças de lado.
Nós abaixamos os braços para que possamos estender os braços uns aos outros.
Desejamos mal a ninguém e harmonia a todos.
Deixe o planeta, ao menos, dizer que é verdade:
Que mesmo no luto, lutamos.
Que mesmo na dor, duramos.
Que mesmo exaustos, tentamos.
Que estaremos para sempre entrelaçados, vitoriosos.
Não porque não mais veremos a derrota, mas porque jamais semearemos de novo as divisas.
A escritura nos pede para vislumbrar cada um sentado sob sua própria vinha e figueira e que ninguém lhes causará medo.
Se estivermos à altura de nosso próprio tempo, então a vitória não vai esperar na ponta da espada, mas em todas as pontes que fizermos.
Essa é a promessa da clareira, a colina que subimos, ao menos se ousarmos.
É porque ser americano é mais do que esse orgulho herdado.
É o passado que empossamos e como repará-lo.
Já vimos a força que parte nossa nação e não partilha.
Que destruiria nosso país para atrasar a democracia.
Esse esforço perdeu por muito pouco.
Mas enquanto a democracia pode ser periodicamente atrasada,
ela jamais pode ser permanentemente derrotada,
Nessa verdade, nessa fé, acreditamos,
pois enquanto olhamos o futuro, a história olha para nós.
Essa é a era da justa redenção.
Nós a tememos desde a gestação.
Não nos sentíamos preparados para herdar um momento tão terrível,
mas em meio a ele, encontramos o poder de escrever um novo capítulo e distribuir esperança e risadas a nós mesmos.
Então se já perguntamos, “Que chances temos de vencer a catástrofe?”, hoje afirmamos, “Que chances a catástrofe tem de nos vencer?”
Não marcharemos de volta ao que já foi, mas nos movemos ao que será:
Um país ferido mas inteiro, benévolo e valente, poderoso e livre.
Não seremos desviados ou interrompidos pela intimidação porque sabemos que nossa inoperância e inércia serão herdadas pela geração seguinte
Nossos fracassos são seus fardos.
Mas uma coisa é certa
Se fundirmos piedade e força, e força e o correto, então o amor se torna nosso legado e mudança, o patrimônio de nossos filhos
Então vamos deixar um país melhor do que recebemos.
Com cada fôlego de meu peito de bronze, vamos reerguer esse mundo machucado para que seja maravilhoso.
Vamos nos erguer das montanhas douradas do oeste
Vamos nos erguer do noroeste aberto onde nossos antepassados fizeram a primeira revolução
Vamos nos erguer das cidades margeadas por lagos nos estados do meio-oeste
Vamos nos erguer do sul escaldado de sol.
Reconstruímos, reconciliamos, recuperamos.
Em cada canto da nação, em cada esquina que chamamos país
nosso povo, diverso e lindo, vai emergir, marcado e lindo
Quando chegar a hora, vamos sair das sombras, sem frio e sem medo.
Nasce um novo dia que deixamos livre.
Pois sempre haverá luz
se ao menos tivermos a coragem de ver
se ao menos tivermos a coragem de ser

Tradução de [3]


A Colina que Subimos

Quando chega o dia, nos perguntamos,
onde podemos encontrar luz nesta sombra sem fim?
A perda que carregamos,
um mar que devemos navegar
Nós enfrentamos a barriga da besta
Aprendemos que o silêncio nem sempre é paz
E as normas e noções
do que é justo
Nem sempre é justiça
E, ainda assim, o amanhecer é nosso
antes de sabermos disso
De alguma forma nós fazemos isso
De alguma forma, nós resistimos e testemunhamos
uma nação que não está quebrada
mas simplesmente inacabada
Nós, os sucessores de um país e de uma época
Onde uma garota negra magra,
descendente de escravos e criada por uma mãe solteira
pode sonhar em se tornar presidente
apenas para se descobrir recitando para um
E sim, estamos longe de ser polidos
longe de sermos intocados
mas isso não significa que estamos
nos esforçando para formar uma união perfeita
Estamos nos esforçando para formar uma união com um propósito
Para compor um país comprometido com todas as culturas, cores, personagens e condições do homem
E, então, levantamos nossos olhares não para o que está entre nós
mas para o que está diante de nós
Fechamos a divisão porque sabemos que, para colocar nosso futuro em primeiro lugar,
devemos primeiro colocar nossas diferenças de lado
Abaixamos nossas armas
para que possamos estender nossos braços
uns para os outros
Não queremos o mal a ninguém e queremos a harmonia para todos
Deixe o mundo se disserem que isso não é verdade:
Que mesmo enquanto sofríamos, crescíamos
Que mesmo sofrendo, esperávamos
Que mesmo cansados, tentávamos
Que estaremos para sempre ligados, vitoriosos
Não porque nunca mais conheceremos a derrota
mas porque nunca mais semearemos a separação
A Escritura nos diz para imaginar
que todos se sentarão sob sua própria videira e figueira
E ninguém os assustará
Se quisermos viver de acordo com nosso próprio tempo
Então a vitória não estará na lâmina
Mas em todas as pontes que fizemos
Essa é a promessa da clareira
A montanha que escalamos
Se apenas ousássemos
É porque ser americano é mais do que um orgulho que herdamos,
é um passado em que entramos
e como consertamos
Vimos uma força que destruiria nossa nação
em vez de compartilhá-la
Iria destruir nosso país se isso significasse atrasar a democracia
E esse esforço quase teve sucesso
Mas, embora a democracia possa ser periodicamente adiada
Ela nunca poderá ser permanentemente anulada
Nesta verdade
nesta fé nós confiamos
Enquanto temos nossos olhos no futuro
a história tem seus olhos em nós
Esta é a era da redenção justa
Temíamos desde o início
Não nos sentíamos preparados para ser os herdeiros
de um momento tão aterrorizante
mas dentro dele encontramos o poder
para escrever um novo capítulo
Para oferecer esperança e alegria a nós mesmos
Então, embora tivéssemos nos perguntado
como poderíamos prevalecer diante da catástrofe?
Agora nós afirmamos
Como a catástrofe poderia prevalecer sobre nós?
Não marcharemos de volta para o que era
mas nos moveremos para o que será
Um país ferido, mas inteiro
benevolente, mas ousado
feroz e livre
Não seremos desviados
ou interrompidos por intimidação
porque sabemos que nossa inação e inércia
serão a herança da próxima geração
Nossos erros tornam-se seus fardos
Mas uma coisa é certa:
Se fundirmos misericórdia com força
e força com direito,
então o amor se torna nosso legado
e muda o direito de nascença de nossos filhos
Então, vamos deixar para trás um país
melhor do que aquele no qual fomos deixados
Cada respiração do meu peito de bronze
nós transformaremos este mundo ferido a maravilhoso
Nós nos ergueremos das colinas com ramos dourados do oeste,
nos ergueremos do nordeste varrido pelo vento
onde nossos antepassados realizaram a revolução
Vamos nos erguer das cidades rodeadas por lagos dos estados do meio-oeste
Nós nos levantaremos do sul queimado de sol
Nós reconstruiremos, reconciliaremos e recuperaremos
e cada canto conhecido de nossa nação e
e cada canto chamado de nosso país,
nosso povo diverso e belo surgirá,
danificado e belo
Quando chega o dia, saímos da sombra,
em chamas e sem medo
O novo amanhecer floresce à medida que o libertamos
Pois sempre há luz,
se apenas formos corajosos o suficiente para ver isso
Se apenas formos corajosos o suficiente para sermos isso

Tradução de [4]


“A Colina que Subimos” - Amanda Gorman

Quando o dia chega, perguntamos a nós mesmos, onde podemos encontrar luz nesta sombra interminável?

A perda que carregamos, um mar que devemos atravessar. Enfrentamos o ventre da besta, aprendemos que o silêncio nem sempre é paz e que as normas e noções do que simplesmente é, nem sempre são justiça. E ainda assim, o amanhecer é nosso antes mesmo de sabermos, de alguma forma fazemos isso, de alguma forma resistimos e testemunhamos uma nação que não está quebrada, mas simplesmente inacabada.

Nós, os sucessores de um país e de uma época em que uma menina negra magra, descendente de escravos e criada por uma mãe solteira, pode sonhar em se tornar presidente, apenas para se encontrar recitando para um. E, sim, estamos longe de ser polidos, longe de ser impecáveis, mas isso não significa que estamos tentando formar uma união que seja perfeita, estamos tentando forjar uma união com propósito, para compor um país comprometido com todas as culturas, cores, caracteres e condições do homem. Então, levantamos nossos olhares não para o que está entre nós, mas para o que está diante de nós. Fechamos a divisão porque sabemos que, para colocar nosso futuro em primeiro lugar, devemos primeiro deixar de lado nossas diferenças. Deponhamos nossas armas para que possamos estender nossos braços uns aos outros, buscamos mal a ninguém e harmonia para todos.

Que o mundo, se nada mais, diga que isto é verdade: que mesmo enquanto lamentávamos, crescemos, mesmo enquanto sofríamos, esperávamos, que mesmo enquanto nos cansávamos, tentávamos, que estaremos para sempre unidos, vitoriosos, não porque nunca mais conheceremos a derrota, mas porque nunca mais semearemos a divisão.

As escrituras nos dizem para imaginar que todos devem sentar-se sob sua própria videira e figueira e que ninguém deve fazê-los ter medo. Se quisermos estar à altura do nosso tempo, então a vitória não estará na lâmina, mas em todas as pontes que construímos. Essa é a promessa ao campo, a colina que subimos se apenas ousarmos, porque ser americano é mais do que um orgulho que herdamos, é o passado no qual pisamos e como o reparamos. Vimos uma força que preferiria despedaçar nossa nação do que compartilhá-la. Que destruiria nosso país se isso significasse atrasar a democracia, e esse esforço quase conseguiu. Mas, embora a democracia possa ser periodicamente atrasada, ela nunca pode ser permanentemente derrotada.

Nesta verdade, nesta fé, confiamos, pois enquanto temos nossos olhos no futuro, a história tem seus olhos em nós, esta é a era da justa redenção que temíamos em sua criação, não nos sentíamos preparados para ser os herdeiros de uma hora tão aterrorizante, mas dentro dela encontramos o poder de escrever um novo capítulo, de oferecer esperança e risos a nós mesmos, então, enquanto antes perguntávamos como poderíamos possivelmente prevalecer sobre a catástrofe, agora afirmamos como a catástrofe poderia possivelmente prevalecer sobre nós.

Não marcharemos de volta para o que foi, mas avançaremos para o que será, um país que está machucado, mas inteiro, benevolente, mas ousado, feroz e livre, não seremos desviados ou interrompidos pela intimidação, porque sabemos que nossa inação e inércia serão a herança da próxima geração, nossos erros se tornarão seu fardo. Mas uma coisa é certa: se unirmos misericórdia com força e força com justiça, então o amor se tornará nosso legado e a mudança será o direito de nascença de nossos filhos.

Então, deixemos para trás um país melhor do que aquele que nos foi deixado, com cada respiração do meu peito de bronze, levantaremos este mundo ferido em um mundo maravilhoso, levantaremos das colinas douradas do Oeste, levantaremos do Nordeste varrido pelo vento onde nossos antepassados realizaram a revolução pela primeira vez, levantaremos das cidades circundadas por lagos dos estados do Meio-Oeste, levantaremos do Sul ensolarado, reconstruiremos, reconciliaremos e recuperaremos em cada recanto conhecido de nossa nação, em cada canto chamado de nosso país, nosso povo diversificado e belo emergirá machucado e belo, quando o dia chegar, sairemos da sombra em chamas e sem medo, a nova aurora floresce enquanto a libertamos, pois sempre há luz se formos corajosos o suficiente para vê-la, se formos corajosos o suficiente para sê-la.

Tradução de [5]


Tradutores:

[1] Agostinho Pereira de Miranda, advogado e presidente da Associação ProPública [branco]

Fonte: https://www.publico.pt/2021/01/22/mundo/noticia/traducao-poema-amanda-gordon-leu-tomada-posse-joe-biden-1947464

[2] Raquel Lima (Lisboa, 1983-) é poeta, performer, arte-educadora, licenciada em Estudos Artísticos e doutoranda em Estudos Pós-Coloniais. [negra]

Fonte: https://www.terraredonda.com.br/post/a-colina-que-subimos-tradu%C3%A7%C3%A3o-de-raquel-lima-para-o-poema-de-amanda-gorman

[3] Júlia C. Rodrigues [branca]

Fonte: https://conversaentreruinas.wordpress.com/2021/01/25/a-colina-que-subimos-o-poema-inaugural-de-amanda-gorman/

[4] Marcela APS Pedroso [cor ignorada]

Fonte: https://www.pressenza.com/pt-pt/2021/01/amanda-gorman-declama-o-poema-o-monte-que-escalamos-na-posse-do-presidente-biden/

[5] Tradução I.A.