Cidades fantasmas

(2017, HD, 70 min, 2.35:1)

Foto por Glauco Firpo: Epecuén

Deserto chileno, Amazônia brasileira, Andes colombianos e Pampa argentino. Quatro destinos na América Latina, onde as ruínas e o silêncio são o plano de fundo da nossa jornada. Alguns de seus antigos moradores ainda guardam na memória o que viveram ali e, através de relatos mais intimistas, evocam lembranças de um passado que não querem esquecer. Com um olhar contemplativo sobre o que restou, refletimos sobre o que deixamos e podemos deixar do nosso legado, entendendo que tudo pode ter um fim e que nada está livre da luta contra o esquecimento.

Créditos

Direção: Tyrell Spencer
 
Roteiro: André Luís Garcia, Carolina Silvestrin e Guilherme Soares Zanella
Produção Executiva: Nora Goulart
Direção de Fotografia: Glauco Firpo
Montagem: Germano de Oliveira e Tyrell Spencer
Som Direto: Gabriela Bervian
Desenho de Som: Kiko Ferraz Studios
Direção de Produção: Glauco Urbim
Trilha original: Leo Henkin
 
Produção: Casa de Cinema de Porto Alegre
Galo de Briga Filmes
CoProdução: GloboFilmes

Premiação
  • É Tudo Verdade, Festival Internacional de Documentários, 2017: melhor filme brasileiro.
Crítica

“Pode ser que ainda veja coisas boas na competição brasileira do É Tudo Verdade. (…) Mas tenho a impressão de que a competição acabou. Vi ontem o filme mais impressionante dessa seleção brasileira - CIDADES FANTASMAS, do gaúcho (de Uruguaiana) Tyrell Spencer. (…) Tyrell citou Eduardo Galeano na apresentação - As veias abertas da América Latina. Os cenários, as ruínas passam esse sentimentos de desolação pelo muito que foi sacrificado e a câmera move-se com elegância, mas também implacabilidade ritualística. Sobre as imagens, as falas - o texto, quase um recitativo. Alain Resnais. Ecos de Noite e Neblina, de Hiroshima, meu Amor.”
(Luiz Carlos Merten, Estadão, 25/04/2017)

“É sempre um alento quando nos deparamos com um documentário feito com preocupação estética, cinematográfica. É o caso de CIDADES FANTASMAS, do gaúcho Tyrell Spencer. (…) A beleza dessas imagens se justifica plenamente, pois faz com que olhemos para esses lugares e sintamos a dor dos que lá viveram, das pessoas que ali construíram vidas, ali deixaram sonhos. Há momentos em que a câmera passeia pelos lugares, circundando-os como fantasmas. Esses movimentos da câmera fazem um contraponto interessante à rigidez da composição estática que domina o retrato desses lugares.”
(Sérgio Alpendre, Folha de São Paulo, 15/06/2017)

“Spencer encontra poucos e bons personagens para contar histórias dos tempos antigos. São às vezes vítimas e sobreviventes da tragédia que destruiu o lugar, como a mãe colombiana que conta ter se perdido da filha com quatro anos na ocasião e até hoje não a reencontrou. Ou do velho habitante de Epecuén, que se recusa a sair do lugar e hoje percorre as ruínas em sua bicicleta, seguido por uma matilha de cães. Atrás de cada uma dessas tragédias pode ser visto o encontro de uma fatalidade econômica ou da natureza com o descaso das autoridades. (…) Belo e melancólico filme.”
(Luiz Zanin, Estadão, 25/04/2017)

“A estética do filme, valorizada pela fotografia de Glauco Firpo, compõe um cenário sem vida com aspecto apocalíptico. Ruas vazias, fábricas em silêncio e casas destruídas evidenciam a carcaça de um povoado em ruínas. A câmera em movimento passeia por um parque fantasmagórico, recriando a perspectiva de solidão. A escassez de rostos e a ausência de sons habituais como o canto de um pássaro trazem a angústia de cidades tratadas como o fim do mundo.”
(Luiza Fritzen, Jornal do Comércio, 14/06/2017)

“Uma atmosfera de desolação impregna CIDADES FANTASMAS, o vencedor da mostra competitiva de longas e médias-metragens brasileiros do ‘É tudo verdade - Festival internacional de documentários’ deste ano. Não espere por nada sobrenatural, como o título pode sugerir, mas, sim, por algo bem material, pertencente ao mundo concreto em que uns exploram os outros.”
(Sérgio Rizzo, O Globo, 16/06/2017)

“As primeiras imagens de CIDADES FANTASMAS mostram um cemitério que os vivos já não visitam mais. Cruzes enferrujadas, areia cercando todo o local, pedaço de mar que está a poucos metros e uma voz em off que fala de alguém voltando à cidade de seu passado para buscar um pedaço seu que só existe na memória. “Já sentiram alguma vez a melancolia profunda e amarga que se sente e desprende de uma casa abandonada e de um muro em ruínas?”, pergunta o narrador.”
(Fernanda Canofre, Sul 21, 18/06/2017)

“O filme é um primor de imagens, de escolha de depoimentos e, como foi bem observado no debate, de narratividade, de alguém que sabe dar voz aos entrevistados ao mesmo tempo que foge do blablebluexplicativo, como infelizmente ainda insistem tantos documentaristas brasileiros. Os personagens escolhidos para os depoimentos são interessantíssimos, humanos e o último é quase surreal, se considerarmos as condições em que ele vive. Há alguns planos sequência, sobretudo o de abertura e outro quase no final do filme, de Epecuén, que, quando a câmera para a impressão é fomos jogados dentro de um quadro de De Chirirco ou de Dali.”
(Cesar Veronese, Professor de Literatura, São Paulo)

Veja mais