Coisa na roda
(1982, Super-8, 105 min, 1.33:1)
Quatro estudantes moram numa comunidade urbana, onde, em princípio, tudo pode ser “posto na roda”, dividido, compartilhado: a mesada de cada um, os objetos pessoais, os relacionamentos, os compromissos políticos. Mas as coisas começam a mudar com a chegada de um quinto morador, mais velho e desiludido, que coloca em xeque a capacidade de cada um viver de acordo com suas idéias.
Créditos
Direção: Werner Schünemann
Roteiro: Werner Schünemann
Direção de Fotografia: Giba Assis Brasil
Direção de Produção: Rudi Lagemann
Montagem: Werner Schünemann e Giba Assis Brasil
Assistente de Direção: Giba Assis Brasil
Distribuição: Casa de Cinema PoA
Elenco Principal:
Rudi Lagemann (Guilherme)
Nilo Cruz (André)
Carlos Grübber (Lico)
Pedro Santos (Ricardo)
Marta Biavaschi (Sandra)
Sérgio Horst (Alfredo)
Beatriz Motta (Marta)
Prêmios
- 6º Festival Nacional de Cinema Super 8, Gramado, 1982:
Melhor Filme
Crítica
“O humor é dosado de forma inteligente, mas o que vale mesmo é o quase documentário reconstituído de um cotidiano que a gente conhece bem. A rigor, os atores não representam, mas simplesmente reproduzem frente à câmara coisas do seu dia-a-dia. E é isto que torna o filme fluido, leve, comunicativo, instigante.”
(Goida, ZERO HORA, Porto Alegre, maio/82)
“Se no movimento estudantil discutia-se tudo através de assembleias (e inclusive a própria representatividade das próprias assembleias) ou atos públicos, na casa tudo transformava-se em reunião: tudo era posto na caixinha, tudo era posto na roda - como uma “experiência democrática” em que tudo era construído por todos, em um tempo em que alguns generais ainda decidiam pela maioria.”
(ALVIM, Alexandra Lis: “Um tardio sonho hippie em Porto Alegre”, dissertação de mestrado em História na UFSC, 2016, p. 143)
“É claro que há um efeito nostálgico inevitável em COISA NA RODA, mesmo para quem não viveu naquele tempo e naquele lugar. Sendo o filme a expressão de uma experiência geracional, não podia ser de outra forma. São bichos-grilos que freqüentam aulas de teatro, namoram entre uma aula e outra, vivem em repúblicas de estudantes, participam do movimento estudantil, viajam de carona e acampam na serra gaúcha. O super-8, com a sua imagem precária, sem definição, suja e riscada, contribui para criar um efeito de filme doméstico, de documentário caseiro, feito entre amigos. É o registro de um modo de fazer que se perdeu. Mas, antes de tudo, é um documento de juventude, de um tempo em que ainda só havia energia e vontade, em que demandas externas não eram levadas em conta, quando tudo ainda podia ser apenas oferta.”
(Bernardo de Carvalho, FOLHA DE SÃO PAULO, 28/03/2006)