Luna caliente

(1999-2003, 35 mm/SD, 114 min, 1.33:1)

Foto por José Tadeu Ribeiro: Paulo Betti e Ana Paula Tabalipa

Ramiro é um advogado de 40 anos que está de volta ao país depois de oito anos de exílio na França. Numa visita à fazenda de amigos, Ramiro reencontra a bela e adolescente Elisa. Depois do jantar, abalado pelo calor, ele se deixa seduzir pela menina que, anos atrás, não passava de uma criança. E isso é apenas o começo de uma trama que vai marcar a vida de Ramiro para sempre.

Originalmente (1999) exibido pela TV Globo como uma minissérie em 3 capítulos, depois (2003) como um telefilme.

Créditos

Direção: Jorge Furtado

Produção Executiva: Nora Goulart e Luciana Tomasi
Roteiro: Jorge Furtado, Carlos Gerbase e Giba Assis Brasil
Argumento Original: Mempo Giardinelli
Direção de Fotografia: José Tadeu Ribeiro
Direção de Arte: Fiapo Barth
Música: Mariozinho Rocha
Direção de Produção: Eduardo Figueira
Assistente de Direção: Ana Luiza Azevedo

Uma Produção TV Globo

Realização Casa de Cinema PoA

Elenco Principal:
Paulo Betti (Ramiro)
Ana Paula Tabalipa (Elisa)
Tonico Pereira (Bráulio Tennenbaum)
Paulo José (Inspetor Monteiro)
Fernanda Torres (Dora)
Chico Diaz (Gomulka)

Crítica

“Roteiro e direção primorosos marcaram a estréia da microssérie ‘Luna caliente’ anteontem. (…) Com direção geral de Jorge Furtado, o programa (…) teve uma sutileza rara, mas sempre muito bem-vinda na TV. ‘Luna caliente’ privilegiou exclusivamente os embates psicológicos, deixando de lado qualquer eventual excesso cenográfico ou delírios de fotografia. (…) Tudo é clima, como na emblemática seqüência da porta entreaberta que deixa Ramiro vislumbar a nudez de Elisa, antes de ele cometer estupro. (…) Tudo foi enxuto, sintético, indispensável. A direção de arte de Fiapo Barth merece destaque: passou longe do que se vê em produções situadas em décadas mais recentes, que mais costumam parecer o showroom de um brechó. E a fotografia de José Tadeu Ribeiro é pra lá de poética e sensível.”
(Patrícia Kogut, O GLOBO, Rio de Janeiro, 17/12/1999)

“Pode ter sido coincidência, mas também pode ter sido resultado de uma estratégia de marketing o fato de a Globo ter imprensado 1999 com suas duas melhores produções. Rompeu o ano com a microssérie ‘O Auto da Compadecida’ (…) e encerrou com ‘Luna caliente’, uma primorosa adaptação do romance do argentino Mempo Giardinelli. (…) O maior mérito de ‘O Auto da compadecida’ e ‘Luna caliente’ é mostrar para os que decidem a programação da TV deste país que há espectadores de bom gosto e que é possível conciliar qualidade e audiência.”
(Leila Reis, O ESTADO DE SÃO PAULO, 18/12/1999)

“Texto de primeira, elenco afinadíssimo, direção ousada e imagens impecáveis filmadas em película. O resultado não poderia ter sido melhor. (…) Após uma longa temporada sem minisséries, ‘Luna caliente’ veio como um ‘presentaço’ de Natal para o telespectador que já estava ávido por novidades.”
(Luciana Barcellos, O DIA, Rio de Janeiro, 18/12/1999)

“Se o enredo já traz elementos para prender a atenção, a direção de Jorge Furtado deixa a minissérie ainda mais envolvente. É um grande trabalho de direção, atento a todos os detalhes, que constrói cenas extremamente bem feitas. (…) quem acompanhou o primeiro capítulo, dificilmente não ficou ansioso para saber o que realmente está acontecendo e qual será o desfecho da enrascada em que se meteu Ramiro.”
(Flávio Amaral, DIÁRIO POPULAR, São Paulo, 17/12/1999)

“‘Luna caliente’ é um oásis em meio a uma programação dominada por programas como o Linha direta. O trabalho é puro cinema. (…) O calor que faz penar os personagens é praticamente ‘sentido’ pelo espectador e ajuda no suspense e na tensão. (…) Todos os peersonagens e situações parecem saídos de um film noir. (…) ‘Luna caliente’ mereceria ser exibido em qualquer sala de cinema - daqui e de qualquer país.”
(Renato Delmanto, JORNAL DA TARDE, São Paulo, 19/12/1999)

“A série ‘Luna caliente’ foi um refresco. Principalmente pela atuação de Tonico Pereira. Seu médico alcoólatra revoltado com a ditadura está irretocável. O primeiro capítulo de ‘Luna’ foi de Tonico.”
(Gabriela Goulart, JORNAL DO BRASIL, Rio de Janeiro, 18/12/1999)

“Não tinha como dar errado. A minissérie ‘Luna caliente’ reuniu atores que sozinhos turbinam uma cena. (…) E foi pra lá de bom graças à forma sensível com que Jorge Furtado, Giba Assis Brasil e Carlos Gerbase recontaram a novela de Mempo Giardinelli. (…) Os roteiristas criaram a personagem de Fernanda Torres (no original ela é apenas uma citação de memória) para enfatizar a reviravolta na vida do professor e também as primeiras mortes da biografia de Ramiro, a de uma família de gatos quando era garoto. Mais um detalhe, mas são os detalhes que seduzem o telespectador.”
(Cris Gutkoski, ZERO HORA, Porto Alegre, 20/12/1999)

“Mais uma vez a Globo demonstra a maestria de que é capaz quando assim lhe convém: (…) ‘Luna caliente’ é excelente. Enganou-se, portanto, quem pensaou que a microssérie seria apenas uma espécie de Lolita à brasileira. Sim, é a história de um quarentão que se deixa seduzir por uma menina - mas as semelhanças param por aí. O drama inicial de Ramiro - que estupra e supostamente mata a jovem elisa, matando também o pai dela, em seguida - é o ponto de partida para a tragédia de erros (na definição do próprio Furtado) que se desenrola então num crescendo sutil e implacável, tal qual a vida real.”
(Grace Perpétuo, JORNAL DE BRASÍLIA, 17/12/1999)

“Essa agilidade imprimiu à recente ‘Luna caliente’ um clima de suspense e mistério dignos de Hitchcock. Ambientada nos anos 70, a microssérie teve um clima de realismo fantástico, com Ana Paula Tabalipa reaparecendo intacta, depois de ser morta duas vezes, e várias alusões à tortura do regime militar. Além disso, ‘Luna’ contou com um bom roteiro e interpretações corretas de Paulo Betti e da ex-Malhação Ana Paula, estonteante como a ninfomaníaca que enlouquece o personagem principal.”
(Marcelo Lyra, O ESTADO DE SÃO PAULO, 26/12/1999)

“Elisa, numa conotação subjetiva, é uma vampira do sexo, que desde o primeiro momento em que surge na frente do quarentão Ramiro (Paulo Betti, contido e excelente, como o personagem pedia) o desnorteia. (…) Numa leitura política, já que a obra é ambientada no início da década de 70, período maior da repressão brasileira, época em que os militares ditavam as regras na sociedade, Elisa representa as próprias ações dos militares que mataram e manipularam em nome da ordem. Somente no último capítulo ficou evidente que elisa manipulava a todos - em nome de seu desejo incontrolável.”
(Sebastião Vilela Abreu, O POPULAR, Goiânia, 20/12/1999)

“Os espelhos e demais objetos sem vida que Monteiro tira da cartola (as calcinhas, o carro, o cadáver de Braúlio) são os focos de denúncia alçados à estatura de heróis em ‘Luna Caliente’. Nestes corpos inanimados - que tomam vida movidos pelo desejo de esclarecimento, revelação e justiça, como a lua que intensifica as paranóias de Ramiro, ou Elisa, o cadáver que se recusa ao descanso -, Furtado parece depositar seu ideário repleto de ironia, neste painel crítico de uma época de perversão e hábitos obscuros. É um trabalho em que impera a consciência e a maturidade desse artista da maior importância para o nosso cinema.”
(Fernando Verissimo, Revista SINOPSE nº 4, março/2000)

“Um suspense tupiniquim de arrepiar até quem não tem cabelo, que vai caminhando para um final inevitável: a condenação de Ramiro, sendo que esta, vem de uma outra forma, diferente da pregada pela justiça dos homens. Excelente projeto, para ser visto diversas vezes.”
(Luck Veloso, revista virtual CLUBE CULTURAL, 11/10/2003)

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