Menos que nada
(2012, HD, 105 min, 1.77:1)
DIREITOS ATUAIS: Prana Filmes
Dante está internado num hospital psiquiátrico com diagnóstico de esquizofrenia, sem falar com ninguém ou receber visitas. Uma jovem psiquiatra se interessa pelo caso após ver Dante surtar no pátio do hospital. Disposta a desvendar as relações sociais do seu paciente, a médica faz uma série de entrevistas com pessoas que conviviam com ele antes do internamento.
Créditos
Direção: Carlos Gerbase
Produção: Luciana Tomasi
Roteiro: Carlos Gerbase
Montagem: Giba Assis Brasil
Fotografia: Marcelo Nunes
Direção de Arte: Rita Faustini
Som direto: Rafael Rodrigues
Supervisão de som: Kiko Ferraz
Música Original: Nenung,
/ Marcelo 4Nazzo
/ e Biba Meira
Elenco Principal
Felipe Kannenberg (Dante)
Branca Messina (Paula)
Rosanne Mulholland (René)
Maria Manoella (Berenice)
Carla Cassapo (Laura)
Roberto Oliveira (Gregório)
Festivais
- Marché du filme Cannes, 2012
- Ventana Sur Film Market Screening, 2012
- Cyprus International Film Festival, 2012
- 4º Brazil Film Fest em Sydney Australia, 2013
- 14º FICA - Festival Internacional de Cinema e Vídeo Ambiental de Goiás, 2012
- 4º Festival Internacional de Cinema da Fronteira, 2012
- Mostra de Cinema do Desenvolvimento de Belo Horizonte, 2013
- 9º Prêmio Fiesp / Sesi SP de Cinema, 2013
- Festival SESC Melhores Filmes, 2013
Crítica
“No filme de Gerbase, menos do que as minúcias técnicas do caso clínico e de seu tratamento, o que interessa é a analogia, ou similitude, entre três ordens de investigação: a psicanalítica, a arqueológica (atividade do protagonista) e a policial. Nas três, procura-se desencavar vestígios e pistas do passado para reconstituir um evento, uma história, uma situação. A ideia convém como uma luva ao cinema de Carlos Gerbase, que tem o gosto lúdico da construção narrativa em retrospecto, a partir de vários pontos de vista, contando sempre com a participação ativa do espectador para a montagem final do relato.”
(José Geraldo Couto, Blog do Instituto Moreira Salles, 23/07/2012)
“Gerbase faz parte da restrita lista de cineastas brasileiros que fazem pensar. O filme, adaptação de um conto de Arhur Schnitzler, vai ganhando novos sentidos depois de terminado. Pode ser ‘lido’ até como uma reflexão sobre o método. Para ter acesso ao passado e à alma, assim como à ‘verdade’, tudo depende do modo de abordagem. A psiquiatra gerbaseana propõe um método compreensivo, baseado na empatia, no aceitar o outro tentando sentir sua dor e compreender e sua estranheza. No fundo, a morte da mãe, assim com as perdas futuras, são vistas pelo protagonista como uma traição, a última delas assumindo um conteúdo literal.”
(Juremir Machado da Silva, Correio do Povo, 24/07/2012)
“O filme também pode remeter ao grande clássico do cinema, Cidadão Kane, em uma das mais belas cenas do filme: quando criança, Dante é forçado pela mãe repressora a terminar sua amizade com Berenice, que, como lembrança, o presenteia com o seu chapéu. Dante perde a mãe logo em seguida e enterra o presente no cemitério, como símbolo das duas perdas. Já no hospital, sua escavação constante em busca de um objeto desconhecido fica poeticamente clara: Rosebud floresce.”
(Alice Turnbull, Jornal do Brasil, 19/07/2012)
“Temos o mistério que circunda a esquizofrenia do protagonista Dante e a jovem médica interessada no caso, Paula. (…) Nesse formato tradicional há uma quebra interessante que ameniza o recurso um tanto acomodado de relato. Paula grava seus entrevistados e os questiona, como no caso da arqueóloga René, com quem Dante fez descoberta de rara ossada em terras de propriedade de uma amiga de infância. Ao mostrar as imagens ao paciente, sabe, pela reação deste, que algo está errado.”
(Orlando Margarido, Carta Capital, 22/07/2012)
“MENOS QUE NADA consegue prender a atenção justamente pelo inusitado de ter temas como arqueologia e psicanálise em meio a uma típica história de detetive. A mistura é rara de ser vista no cinema brasileiro, que tanto foge do rótulo de filme de gênero.”
(Francisco Russo, Portal “AdoroCinema”)
“Inspirado no conto ‘O Diário de Redegonda’, Carlos Gerbase provoca reflexão e questionamento - além de uma crítica as instituições psiquiátricas no século XXI. Com uma direção segura e um talento para dirigir atores, Gerbase amarra bem a trama com suas idas e vindas no passado, que vão formando o quebra-cabeça de Dante. A memória do passado que mostra que nem tudo é o que parece e em que cada um tem sua suposta verdade contribui para deixar MENOS QUE NADA ainda mais interessante.”
(Tony Tramell, Almanaque Virtual, 19/07/2012)
“MENOS QUE NADA consegue cumprir o seu papel de contar uma boa história. É competente ao trazer o drama psiquiátrico para discussão, seja pelo despreparo dos hospitais públicos ou pelo descaso dos envolvidos por uma descrença de possibilidade de cura. É honesto em seus questionamento e cria uma trama plausível para isso. (…) E é hábil em conduzir tudo isso pelo viés investigativo, pois, além de justificar a técnica quase documental, ainda envolve o espectador pela curiosidade natural de todo ser humano.”
(Amanda Aouad, Blog Cine Pipoca Cult, 23/07/2012)
“Gerbase procura experimentar com os limites da representação, nos despistando de tempos em tempos de suas verdadeiras intenções para que elas nos surpreendam sempre um passo mais adiante, construindo situações que parecem ir para um lado, mas seguem para um caminho oposto. Não como um prestidigitador ou para tornar o público (e personagens) alvo de um blefe, mas para compor o estado doentio do protagonista.”
(Vlademir Lazo, Portal Cineplayers, 22/07/2012)
“MENOS QUE NADA dá oportunidade a que Kannenberg faça uma atuação impressionante como paciente psiquiátrico. O filme também é interessante ao mostrar paisagens gaúchas na telona. As panorâmicas são o forte de Gerbase. É elogiável, ainda, o esforço do diretor e do elenco de transpor cinematograficamente a linguagem urbana gaúcha, variando um pouco a imposição linguística vinda do centro do País.”
(André Moraes, Jornal NH, Novo Hamburgo, 06/08/2012)
“Para um estudioso de psicanálise e psicopatologia, ou para qualquer profissional das áreas afins, vale demais o diagnóstico estrutural de Dante, a reconstrução de seu passado desde a infância, que nos faz tecer teorias sobre seu “ponto de injunção”, esse momento no qual sua organização, sua maneira de se colocar no mundo, já não foi mais suficiente para sustentá-lo. Vale também a observação em termos de manejo, de estratégia terapêutica, de como é importante o resgate deste sujeito desaparecido sob os escombros do sofrimento psíquico e da institucionalização, através deste chamado a reconhecer-se em seu passado e a dizer de si mesmo.”
(Marcos Donizetti, Blog “E eu com isso?”, 22/07/2012)
“Seja pela trama composta pelo número expressivo de personagens, seja pela mobilização de dois tempos intercalados constantemente, seja ainda pelo mote de ação, que exige a constante renovação de interesse para com o objetivo. A demanda complexa encontra em Gerbase um realizador competente, com domínio da evolução e dos nuances da história. Com suas qualidades, Menos que Nada é o melhor filme do diretor gaúcho.”
(Willian Silveira, Papo de Cinema, 23/07/2012)
“Gerbase é hábil em construir sua trama de forma a despertar a curiosidade do espectador. Com narrativa não-linear, e utilizando as entrevistas da doutora como um forma de contar a história, somos apresentados a trechos da trama e convidados a montar o quebra-cabeça. O diretor aproveita (mesmo que pouco) o fato de cada pessoa contar os acontecimentos do passado em sua própria versão, fazendo com que duvidemos das informações coletadas de tempos em tempos.”
(Rodrigo de Oliveira, Blog Paradoxo, 06/08/2012)
“O grande destaque do filme, sem dúvida, é o trabalho excepcional de Felipe Kannenberg como Dante. Contido e muito retraído nas cenas do passado são, e com uma mobilidade incrível de se transfigurar em suas cenas como louco, o ator faz com que o espectador não desgrude os olhos de sua imagem em cada uma de suas cenas. Igualmente feliz é a escalação de Roberto Oliveira para o personagem de Gregório, pai de Dante. Com uma verve cômica, sem, contudo, resvalar na caricatura, o personagem é um sopro de irreverência em meio a um panorama tão tenso.”
(Erika Liporaci, Blog Pipoca moderna, 20/07/2012)
“A trama de MENOS QUE NADA parte de fatos já bem conhecidos da psicose - em sua maioria desvendados por Freud ainda no começo do século 20 - mas que ainda são misteriosos para o cidadão comum. Sem didatismos, e sem trazer dogmas para o mais subjetivo dos temas - “Menos que nada” pretende lançar alguma luz para um problema que a sociedade tem deixado nas sombras.”
(Castrinho, Universo Insônia, 23/07/2012)
Tema musical
“Uma tarde de outono de 73”, letra e música de Júlio Reny, arranjo de Luciano Granja