Rasga coração

(2018, HD, 115 min, 2.00:1)

Foto por Fábio Rebello: Chay Suede e Marco Ricca

Custódio Manhães é um funcionário público de meia idade que continua pensando como o militante político que foi na juventude, quando era conhecido como ‘Manguari Pistolão’. Mas é confrontado por seu filho Luca, que o acusa de conservador. Sem dinheiro para fechar o mês, e sofrendo as dores de uma artrite crônica, Custódio passa em revista seu passado, e se vê repetindo as mesmas atitudes de seu pai.

Créditos

Direção: Jorge Furtado

Roteiro: Jorge Furtado, Ana Luiuza Azevedo e Vicente Moreno
Produção Executiva: Nora Goulart
Produtor Associado: Guel Arraes
Direção de Fotografia: Glauco Firpo
Direção de Arte: Fiapo Barth e William Valduga
Figurinos: Rosângela Cortinhas
Montagem: Giba Assis Brasil
Direção Musical: Maurício Nader
Produção de Elenco: Laura Leão
Direção de Produção: Bel Merel e Glauco Urbim

Uma produção da Casa de Cinema PoA
Coprodução: Globo Filmes, Canal Brasil
Financiamento: BRDE/FSA/Ancine
Distribuição: Sony Pictures

Elenco principal:
Marco Ricca - Custódio Manhães (Manguari Pistolão)
Drica Moraes - Nena
Chay Suede - Luca
Goerge Sauma - Lorde Bundinha
João Pedro Zappa - Custódio jovem
Luisa Arraes - Mil
Anderson Vieira - Camargo Velho
Nelson Diniz - pai de Custódio (“666”)
Duda Meneghetti - Nena jovem

Crítica

“Furtado, que sempre soube equilibrar drama, comédia e crítica social como ninguém, retorna à melhor forma ao dirigir Marco Ricca, comovente em seus pequenos gestos e olhares no parapeito da janela, Drica Moraes, sempre tão talentosa com diálogos, capaz de passar da raiva à comédia em segundos, e Chay Suede, uma presença indispensável do novo cinema brasileiro, de estilo despojado e natural.”
(Bruno Carmelo, Adoro Cinema, 26/10/2018)
“O filme tem uma atuação brilhante de George Sauma, que praticamente rouba a cena interpretando ‘Lorde Bundinha’, o amigo desvairado do personagem principal. Trata-se de um personagem riquíssimo e Sauma consegue nos divertir em várias cenas com suas falas e situações.”
(Raphael Gomide, Artecult, 06/12/2018)

“Chay Suede e Luisa Arraes constroem suas personagens de maneira intensa e envolvente, em especial em cenas onde a carga emocional é grande, como na cena da expulsão.”
(Amanda Aouad, CinePipocaCult, 06/12/2018)

“Drica Moraes e Marco Ricca estão excelentes. O último especialmente, carrega em seu corpo tenso e seu rosto cansado quase todo o conflito de gerações do longa, como um homem preso entre o medo de se tornar o pai e a incompreensão das ações do filho - sua performance na explosão final de Custódio é catártica e impecável.”
(Daniel Oliveira, Cinematório, 26/10/2018)

“Em RASGA CORAÇÃO, o personagem de um menestrel, largado da sociedade e errante entre noitadas de abuso, praticamente sintetiza o papel de Oduvaldo e Nelson, numa conjuntura atual em que há espaço para prisões abusivas; violão na mão, o personagem diz: ‘Eu não sou juiz, eu sou artista’.”
(Ricardo Daehn, Correio Braziliense, 06/12/2018)

“Jorge Furtado é um realizador em sintonia com a nova geração. E faz duas adaptações no texto que dão ao filme um escopo maior e mais atualizado. Em 1972, três amigos são presos pelo regime militar. Um é negro e pobre, não tem ‘contatos importantes na família’. Dos três, será o único a permanecer preso. Em 2013, ano em Rafael Braga, negro, foi o único preso político que permaneceu na cadeia, enquanto outros militantes brancos foram soltos, uma ocupação na escola coloca em risco apenas a matrícula da aluna negra.”
(Dodô Azevedo, blog G1, 06/12/2018)

“Manguari se projeta em Luca, recordando inclusive os embates que tinha com seu próprio pai, mas os sonhos da nova juventude se transfiguram nas frustrações - políticas, sexuais ou comportamentais - da antiga. O único elemento que se mantém inabalável é o racismo, expresso em como negros são diferenciados no passado e no presente. Assim, RASGA CORAÇÃO segue bem a obra de Jorge Furtado, um diretor que busca um cinema ao mesmo tempo popular e cheio de elementos que ajudam a pensar o Brasil.”
(André Miranda, O Globo, 06/12/2018)

“Graças a um roteiro bem urdido e a uma consistente direção de atores, mantém-se o dilaceramento dramático central da peça de Vianinha, atualizado para a fissura entre uma esquerda marxista mais convencional, sindical e partidária, e a emergência de demandas identitárias, ou das chamadas minorias, nem sempre contempladas pelos velhos partidos e organizações.”
(José Geraldo Couto, blog IMS, 07/12/2018)

“Mesmo o pai de Custódio, jocosamente apelidado de 666 (Nélson Diniz) e inicialmente contrastado como um sujeito muito mais ríspido que o filho em suas funções paternas, mostra uma compreensão inesperada a certo ponto, como se reconhecesse sua rispidez como uma obrigação sem sentido. Neste caso, a tipificação das personagens ajuda também a universalizar os sentidos do enredo com mais eficiência.”
(Caio Lopes, Observatório do Cinema, 06/12/2018)

“Jorge Furtado utiliza poucos ambientes, no mais das vezes se restringindo ao apartamento da família. Mesmo assim, cria um filme vibrante, de constante movimento, em que as vicissitudes dos relacionamentos, as turbulências internas e as dores redivivas do ontem reverberam, mesclando-se à nostalgia, insuficiente para mostrar o caráter cíclico aos então desorientados do enredo.”
(Marcelo Müller, Papo de Cinema, 16/11/2018)

“O novo Custódio (Marco Ricca) é um funcionário acomodado no emprego que no passado lutou contra a ditadura. O novo Luca (Chay Suede) é um jovem vegano que usa saia e desiste da medicina. A proposta de Vianinha é atualizada no conteúdo, mas não na forma. Furtado mantém os planos de memória que provocam uma reflexão sobre papéis familiares e repetição, como numa versão dramática de ‘Como Nossos Pais’, de Belchior.”
(Pedro Butcher, Valor Econômico, 07/12/2018)

“Para dar consistência a estes dois tempos (de Manguari filho se desentendendo com o pai, e de Manguari pai se desentendendo com o filho Luca), Jorge Furtado trabalhará flashbacks (muito bem valorizados pela excelente montagem de Giba Assis Brasil), que só se tornarão familiares ao espectador depois de algum tempo. Ao intercalar fragmentos de vários momentos da vida de Manguari, o filme atravessará quatro intensas décadas da vida política brasileira.”
(Maria do Rosário Caetano, Revista de Cinema, 06/12/2018)

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