Teste: você daria um bom jornalista político?

por Jorge Furtado
em 08 de agosto de 2009

O fim da obrigatoriedade do diploma universitário para a profissão de jornalista não quer dizer que não haja pessoas mais ou menos qualificadas para o ofício. Para saber se você dá pra coisa, faça o teste, todo baseado em notícias publicadas hoje.

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Matéria da Folha de hoje informa, em manchete: “Conselho de Ética se enterrou ao dar fim a ações contra Sarney, dizem especialistas”.

Os especialistas que dizem são três.

Roberto Romano, professor da Unicamp: “Eles já estão transformando o Congresso em um caixão e estão levando para o enterro. Esse arquivamento sumário era a estaca que faltava.”

  1. Na frase seguinte, escolha o verbo que melhor se encaixa na afirmação que pode ser deduzida a partir da leitura da notícia: “O professor Romano (verbo) o ‘enterro’ do Congresso Nacional”.

a. constata
b. sugere
c. deseja
d. fará
e. todas as alternativas

Bolívar Lamounier, membro do PSDB, partido que subscreveu a maioria das ações contra Sarney: “Só posso concordar com a avaliação de que esse conselho se enterrou”.

  1. Quando o membro do PSDB diz que concorda com a avaliação de que “esse conselho se enterrou”, ele está concordando…

a. com ele mesmo
b. com o repórter, que fez a avaliação na pergunta
c. com o editor, que pediu a matéria ao repórter
d. com o dono do jornal, que pediu a matéria ao editor
e. todas as alternativas

Claudio Couto, cientista político, professor de sociologia da PUC (Pontifícia Universidade Católica): “A decisão, que não seria muito diferente se o caso fosse na Câmara dos Deputados, mostra que os parlamentares acreditam que podem se reeleger mesmo sendo atacados pela mídia e pela opinião pública”.

  1. Quando o cientista afirma que os parlamentares “acreditam que podem se reeleger mesmo sendo atacados pela mídia”, ele está:

a. constatando um fato
b. sugerindo que os deputados estejam errados em acreditar que “podem se reeleger” mesmo quando são atacados pela mídia
c. sugerindo que candidatos atacados pela mídia não devem ser eleitos
d. sugerindo que candidatos atacados pela mídia não devem ser candidatos
e. todas as alternativas

  1. Assinale a frase onde o verbo não faz sentido:

a. “… e ele então pesquisou a opinião pública…”
b. “… a opinião pública formou-se…”
c. “… para assim manipular a opinião pública…”
d. “… contrariar a opinião pública é uma tarefa…”
e. “… a opinião pública atacou ontem, por volta das duas da tarde…”

  1. Em matéria assinada pela sucursal de Brasília, o jornal FSP informa que, em discurso, “Lula autoelogiou sua gestão”. Seria mais correto dizer:

a. “Lula elogiou a si mesmo”
b. “Lula elogiou sua própria gestão”
c. “Lula elogiou sua gestão”
d. “Lula autoelogiou-se”
e. todas as alternativas

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Se você respondeu E para todas, daria um bom jornalista, eu sinto muito.

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E por falar em jornalismo, de onde veio o dinheiro do dossiê?

E cadê o Picasso do INSS?

A ficha da Dilma foi feita em que versão do Photoshop?

E o áudio do grampo?

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Exclusivo:

“Justiça proíbe Veja de publicar o áudio do grampo que flagrou conversa do Ministro Gilmar Mendes (STF) com o Senador Demóstenes Torres (DEM-GO)”

Áudio do grampo:

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Por falar em fazer jornalismo e política, atividades essenciais e nobres que frequentemente sofrem o ataque dos que acham que a sua opinião e a opinião pública devam ser necessariamente a mesma coisa, veja no Youtube o vídeo da campanha do NÃO à privatização do pôr do sol do Guaíba.

Afinal, é “pôr-do-sol” ou “pôr do Sol”? Ou “por do sol?”. (Será noite antes que eu descubra).

Seja como for, no plebiscito é “NÃO”.

Jorge Furtado, 8 de agosto de 2009


COMENTÁRIOS

Enviado por rafael em 09 de agosto de 2009.

belo post, jorge, como todos nós, FURTADO… pela mídia, por nossa classe política, etc.

Enviado por Daisy em 10 de agosto de 2009.

Em recente pesquisa realizada na capital gaúcha, na qual entrevistei muitas pessoas, obtive a seguinte resposta do povo portoalegrense: NÃOOOOOOOOOOOO

Enviado por Armando em 11 de agosto de 2009.

Eu teria respondido todas com a alternativa ‘E’, mas estou convencido que seria um péssimo jornalista, em qualquer área. Até por não ter nenhuma vocação para essa versão pós-moderna do ‘clown elisabetano’. Já tinha assistido o vídeo: belas imagens, adicionei ao meu canal do You Tube. Parabéns à Casa de Cinema pela iniciativa, e a todos que puderam comparecer pra dar o seu depoimento. Como houve alteração do estatuto da votação por uma emenda ao projeto inicial, de Referendo para mera Consulta Pública - além dos contrutores terem aparentemente aberto mão das construções residencias - essa terá um caráter apenas simbólico. Mas justamente por isso, será necessário uma votação massiva no ‘NÃO’ para dar a esse simbolismo um significado real. Ou seja, será preciso mesmo gritar: NÃAAAAOOOO !!!!