Like a rolling stone, a origem.

“How does it feel, how does it feel? To be on your own, with no direction home, a complete unknown, like a rolling stone.”

A música de Bob Dylan - escrita em junho de 1965, depois de uma viagem a Inglaterra - é considerada por muitos a maior e mais influente canção popular de todos os tempos. O título pode ter chegado a Dylan como uma expressão comum nos EUA, no sentido de alguém sem rumo na vida, é também assim que ela aparece no blues de Muddy Waters “Rollin Stone”, gravado em 1950:

Well, my mother told my father,
Just before hmmm, I was born,
“I got a boy child’s comin,
He’s gonna be, he’s gonna be a rollin stone,
Sure ‘nough, he’s a rollin stone.

(Bem, minha mãe disse ao meu pai, pouco antes de eu nascer, “Eu tenho um menino vindo, ele vai ser uma pedra rolante, com certeza…”)

É pouco provável que Dylan tenha escutado “Vingança”, de Lupicínio Rodrigues, gravado em 1951 por Linda Batista:

“Você há de rolar como as pedras
Que rolam na estrada
Sem ter nunca um cantinho de seu
Pra poder descansar…”

Já a origem poética da expressão “like a rolling stone” é muito mais antiga. Ela está no poema “The Dunciad” (A Cretinália), de Alexander Pope, de 1743.

“Happier thy fortunes! like a rolling stone,
Thy giddy dulness still shall lumber on,
Safe in its heaviness, shall never stray,
But lick up ev’ry blockhead in the way.”

(“Feliz é o seu destino! Como uma pedra rolante, sua estupidez vertiginosa seguirá arrastando a todos, com o peso de sua força, sem desvios, varrendo todos os obstáculos do caminho”.)

Aqui ela aparece não como símbolo de alguém sem rumo, mas como uma força irrefreável. O poema de Pope é uma sátira (mock epic), louva os feitos de um Rei Torpe, capaz de arrastar a tudo e a todos em sua burrice. Soa familiar.

Não seria a primeira vez que Dylan teria citado - sem créditos! - palavras de Alexander Pope. Em “Jokerman” ele usa o verso “Fools rush in where angels fear to tread” (Tolos correm onde anjos temem pisar), que está em “An Essay on Criticism, de Pope.