Soneto desencontro

Dez anos atrás, em outubro de 2010, poucos dias antes do segundo turno das eleições, o Jorge Furtado e a Liziane Kugland estavam lançando o livro “Shakespeare - faça você mesmo”, uma antologia de traduções pro português de sonetos do bardo, feitas por cineastas, amigos, atores, curiosos, e até mesmo alguns tradutores. O Arthur de Faria, que na época apresentava o programa “Cafezinho” na rádio Pop-Rock, chamou os dois pra uma conversa sobre o livro, e eu, como um dos colaboradores, também fui convidado.

Só que houve um mal-entendido nas datas: o primeiro convite foi pro dia 21 de outubro, uma quinta-feira; mas o Jorge, ao responder, confirmou que iria no dia 20, uma quarta; o Arthur topou e a Lizi aceitou. Mas pra mim não dava. Então eu respondi assim pros três:

Como se pode confirmar no anexo,
Vinte e um é o dia que foi combinado.
Porém o Jorge se agendou errado,
E então o Arthur errou como um reflexo.

Eu que não vou criar nenhum entrave,
Mas vou perder o Cafezinho amigo,
Porque na quarta-feira eu não consigo:
Eu passo o dia dando aula no CRAV.

Mas, desta vez, anotem hora e data
Pra não trocar soneto por sonata,
Pois todo mundo vez em quando erra.

Em nossa idade, é fácil confundir:
Trocar milk-shake pelo Shakespeare!
Só não me troquem a Dilma pelo Serra.