O dia em que Dorival encarou a guarda

(35 mm, 14 min, cor, 1986)

(janela 1.33, som óptico mono)

Foto por Christian Lesage: João Acaiabe

Numa prisão militar, numa noite de muito calor, o negro Dorival tem apenas uma vontade: tomar um banho. Para consegui-lo, vai ter que enfrentar um soldadinho assustado, um cabo com mania de herói, um sargento com saudade da namorada, um tenente cheio de prepotência - e acabar com a tranqüilidade daquela noite no quartel.

Créditos

Direção: Jorge Furtado e José Pedro Goulart

Roteiro: Giba Assis Brasil, José Pedro Goulart, Jorge Furtado e Ana Luiza Azevedo
Direção de Fotografia: Christian Lesage
Direção de Arte: Fiapo Barth
Música: Augusto Licks
Direção de Produção: Gisele Hiltl e Henrique de Freitas Lima
Montagem: Giba Assis Brasil
Assistente de Direção: Ana Luiza Azevedo

Uma Produção da Casa de Cinema PoA

Elenco Principal:
João Acaiabe (Dorival)
Pedro Santos (Soldado)
Zé Adão Barbosa (Cabo)
Sirmar Antunes (Sargento)
Lui Strassburger (Tenente)

Prêmios
  • 1º Prêmio Iecine (Governo do Estado/RS), 1985-86:
    Apoio à produção.
  • 14º Festival do Cinema Brasileiro, Gramado, 1986:
    Melhor Curta Nacional (dividido no Júri Oficial, sozinho no Júri Popular e no Prêmio da Crítica), Melhor Ator de Curta (João Acaiabe) e mais 4 prêmios regionais (Melhor Filme, Melhor Direção, Melhor Fotografia e Melhor Montagem).
  • Troféu Scalp 1986:
    Destaque do ano em cinema.
  • 21º Festival de Cinema Ibero americano, Huelva, Espanha, 1986:
    Melhor Curta metragem de Ficção.
  • 8º Festival Internacional do Novo Cinema Latino americano, Havana, Cuba, 1986:
    Melhor Curta de Ficção.
  • Exibido na mostra “Os 10 Melhores curtas brasileiros da década de 80”, no Cineclube Estação Botafogo, Rio de Janeiro, 1990.
Crítica

“Transgressão é a palavra que se aplica a O DIA EM QUE DORIVAL…, inspirado numa história do gaúcho Tabajara Ruas: o negrão Dorival (interpretação notável de João Acaiabe), em cana, resolve enfrentar os homens e conquistar um banho a qualquer preço. Humor e violência cruzam se em doses exatas, e o resultado são 14 minutos intensos de segurança e brilho.”
(Caio Fernando Abreu, O Estado de São Paulo, 08/08/86)

“Em O DIA EM QUE DORIVAL ENCAROU A GUARDA, embora a fotografia não avance para o lado fantasista, sente-se (…) uma marcação forte, e principalmente um certo preciosismo nos enquadramentos que produz uma imagem potente. (…) Também possui um universo ficcional realista, apesar do jogo inteligente com a citação textual, por onde passam King Kong, farwest e ‘Casablanca’.”
(Fernão Ramos, Folha de São Paulo, 15/08/86)

“Um clima de entusiasmo tomou conta do Núcleo Imaginário. Expressões como ‘genial’, ‘demais’, ‘fantástico’ pontuaram a discussão. E não era para menos. Tínhamos acabado de assistir O DIA EM QUE DORIVAL ENCAROU A GUARDA. Pra quem já estava até se resignando com tão limitada dieta cinematográfica, o filme foi um prato farto e um verdadeiro banho de cinema. (…) A música, a fotografia, a iluminação e a direção são excelentes. (…) O trabalho de João Acaiabe na construção do prisioneiro Dorival é primoroso. DORIVAL espelha, enfim, o trabalho coletivo de artistas e técnicos que cresceram sob o signo da repressão, foram influenciados pelo cinema americano e pela televisão e souberam assimilar e devolver tudo isso com um espírito crítico aguçado.”
(Rosa Lima, Cine Imaginário, Rio de Janeiro, agosto/86)

“Furtado, em O DIA EM QUE DORIVAL ENCAROU A GUARDA, consegue mesmo inserir King Kong e Tex Willer em um curta sobre prisão e racismo, sobre a estupidez burocrática e a repressão carcerária. É um Zemeckis jovem.”
(Roberto Silvestri, Il Manifesto, Milão, 07/03/91)

“É desconcertante notar que basta a autoridade para que se acate passivamente a uma ordem ou crie-se um direito. No filme, obedece-se a uma ordem sem se saber sua fonte e fundamentos. A ‘ideologia burocrática’ não consegue ir além de si mesma, esgotando-se e mostrando sua verdadeira natureza. (…) Triste ironia: o prisioneiro tem seu pedido tragicamente atendido! Vemos, quando encurralada, a “ideologia burocrática” mostrar seu autoritarismo e violência. A truculência, no filme, é escancarada.”
(Vinícius Magalhães Pinheiro, Revista Crítica do Direito, 27/06/2011)

Tema musical

“Limpem o sangue”, de Augusto Licks

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