O mentiroso

(35 mm, 95 min, cor, 1988)

(janela 1.33, som estereo)

Foto de Christian Lesage: Patrícia Travassos e Angel Palomero

Uma comédia de estrada que satiriza a tradição dos “road movies”. Quatro pessoas (entre elas, um mentiroso), por acaso, caem na estrada. Sem dinheiro e sem convicções, fazem de uma pequena viagem de fim-de-semana o princípio de suas possibilidades de libertação.

Créditos

Direção e Argumento: Werner Schünemann

Produção Executiva: Monica Schmiedt
Roteiro: Werner Schünemann
/ Angel Palomero
/ Giba Assis Brasil
Direção de Fotografia: Christian Lesage
Montagem: Vera Freire
Música: David Tygel
Direção de arte: Fiapo Barth
Assistentes de direção: Giba Assis Brasil
/ Alex Sernambi

Produção: Um Produções
Distribuição: Casa de Cinema PoA

ELENCO PRINCIPAL:
Angel Palomero (Jonas)
Lila Vieira (Katia)
Vicente Barcelos (Wilson)
Xala Felippi (Ana)
Paulo José (Augusto)
Patrícia Travassos (Carolina)
Sérgio Mamberti (coringa)
Esther Castro (coringa)
João Carlos Castanha (coringa)
Zeca Kiechaloski (coringa)

Prêmios
  • 21º Festival do Cinema Brasileiro, Brasília, 1988: Melhor Filme (Júri Oficial e Júri Popular), Melhor Direção, Melhor Ator (Angel Palomero) e Melhor Atriz Coadjuvante (Xala Felippi).
  • Troféu Scalp 1989 - Destaque do ano em cinema.
  • 1º Festival de Comédias de Torre-Molinos, Espanha, 1989: Melhor ator (Angel Palomero).
Crítica

“O MENTIROSO é uma comédia alegre, inteligente, sem preconceitos. E mais: feita por gente apaixonada por cinema, paixão que se torna notória nas muitas homenagens que o filme faz a Carlitos, aos irmãos Marx, às comédias do cinema mudo, com seus gestos largos e teatrais. Com excelente trilha sonora de David Tygel e ótimos desempenhos do quarteto principal, (…) o filme tem tudo para pegar de surpresa adolescentes e adultos que gostam de comédias, inclusive as dos Trapalhões.”
(Maria do Rosário Caetano, CORREIO BRAZILIENSE, Brasília, 23/10/88)

“Numa narrativa solta e brincalhona, o filme combina road-movie, comédia, grand-guignol, drama, thriller e aventura. (…) A mistura deu certo especialmente porque contou com uma trama bem urdida que nunca cai na falta de credibilidade, inclusive nos momentos mais inusitados. Schünemann não dispensa pitadas de non-sense e surrealismo. E há pelo menos duas ou três gagues impagáveis, como a cena em que Jonas desaparece dentro de um vaso sanitário. (…) Divertido e simpático, suavemente amargo e desprovido de concessões mercadológicas, o filme é bem servido pela música de David Tygel e pelos cortes precisos de Vera Freire.”
(Sérgio Bazi, CORREIO BRASILIENSE, Brasília, 28/10/88)

“Melancólico e sem graça, O MENTIROSO é besteirol do pior tipo. Já não se pode falar em falta de talento, mas de doença mesmo. Difícil suportar algo pior, onde quase tudo dá errado. A certa altura do desperdício, um dos engraçadinhos desabafa: ‘Não sou o único incompetente aqui dentro’. Toda regra tem exceção: além de Sérgio Mamberti (em vários papéis), salvam-se da empreitada o músico, o fotógrafo e a montadora. E há uma atriz nata, no papel de Kátia. O resto é paisagem.”
(Rogério Sganzerla, JORNAL DE BRASíLIA, 28/10/88)

“O MENTIROSO foi a maior surpresa do cinema brasileiro em 1988. Depois de ser escandalosamente rejeitado no Festival de Gramado, o filme explodiu no Rio-Cine e no Festival de Brasília. Demonstrando um talento surpreendente para a comédia, (…) dosando o humor escrachado com pitadas de romance e aventura, Schünemann realiza o que muito bem definiu o ccineasta Guilherme de Almeida Prado: ‘um EASY RIDER dirigido pelo Jerry Lewis’.”
(Ricardo Cota, CINEMIN, novembro/88)

“A platéia do Fest-Rio vai ter uma surpresa hoje à noite. O MENTIROSO, filme do gaúcho Werner Schünemann, cinco vezes premiado em Brasília no início do mês, é um estranho no ninho da cinematografia brasileira. Tão estranho quanto ousado. Quem imaginaria um road movie nos pampas, com personagens guiando uma comédia de absoluto nonsense? A história que o filme conta é inverossímil. Serve apenas de pretexto para que se encadeiem gags hilariantes, cenas do mais puro pastelão, muita abobrinha e um desfecho trágico - elemento fundamental a qualquer road movie que se preze. (…) O MENTIROSO pega o espectador pelo inusitado. Na estrada de mão dupla que é o filme, fica o reconhecimento de que sopram do sul ares de renovação.”
(Helena Carone, O GLOBO, Rio de Janeiro, 21/11/88).

“Werner Schünemann lança com O MENTIROSO os gaudérios pós-modernos. (…) Os quatro jovens de Porto Alegre se inspiram - como o diretor - no moderno cinema americano, mas as raízes da viagem não estão em Hollywood, e sim no próprio pampa. A viagem é o grande mito inconsciente dos gaúchos e das gaúchas, todos mais ou menos gaudérios - mesmo quando usam blue jeans. O filme de Schünemann é um deboche só, vivido de bolicho em bolichos modernos (hotéis, motéis, churrascarias, estalagens provisórias enfim). (…) Depois uma cínica solução para Jonas, o mentiroso, que parte com o dinheiro e a mulher no rumo… talvez do Canadá. Se alguém chegar a Ottawa e encontrar uma ‘churrascaria gaúcha’, não se surpreenda: pode ser mais um final do excelente filme de Werner Schünemann.”
(Jefferson de Barros, O ESTADO DE SãO PAULO, 25/11/88)

“O MENTIROSO foi proibido para menores de 14 anos, com a justificativa de possuir ‘situações de criminalidade’, eufemismo dos senhores censores na tentativa de limitar o público de um filme saborosamente subversivo, que sugere, conscientemente ou não, idéias libertárias. (..) A virtude que deve irritar os detratores deste filme gaúcho é que Werner Schünemann não é um pós-moderno careta. Mais que um inventário de citações e homenagens ao ‘road-movie’, O MENTIROSO é uma bem-humorada elegia à liberdade.”
(Carlos Reichenbach, FOLHA DE SãO PAULO, 09/03/89)

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