Mirna Spritzer e Sérgio Lulkin são Luba e Vrum em "Terra sem mapa"

MIRNA SPRITZER E SERGIO LULKIN ESTREIAM PEÇA QUE REFLETE SOBRE DRAMAS E AVENTURAS DAS MIGRAÇÕES
Karine Dalla Valle
Zero Hora, 22/06/2023 | 13:11

/ “Terra Sem Mapa” abre temporada nesta quinta-feira na Zona Cultural, em Porto Alegre

A distância dos palcos durante o auge da pandemia favoreceu um reencontro dos atores Mirna Spritzer e Sergio Lulkin em 2021. A sós, passaram a testar falas e encenações, matando a saudade de atuar. Assim surgiram dois personagens, Luba e Vrum, que estreiam no espetáculo Terra Sem Mapa nesta quinta-feira (22), às 20h, na Zona Cultural (Av. Alberto Bins, 900), em Porto Alegre (veja detalhes sobre a temporada ao final do texto).

Ex-colegas no Departamento de Arte Dramática da UFRGS (DAD) e também no Grêmio Dramático Açores, que usava o Teatro de Arena para ensaiar, Mirna e Sergio celebram 45 anos tanto de profissão quanto de coleguismo. Trabalharam juntos na peça O Casamento do Pequeno Burguês, de Bertolt Brecht, com direção de Irene Brietzke, em 1978, e nos filmes Antes que o Mundo Acabe (2009), de Ana Luiza Azevedo, O Mercado de Notícias (2014), de Jorge Furtado, e Doce de Mãe (2018), de Furtado e Ana Luiza, todos produzidos pela Casa de Cinema de Porto Alegre.

Mas em Terra Sem Mapa estão em dupla pela primeira vez. Vestidos com roupas que não são desta época, Vrum e Luba contam aos espectadores histórias de viajantes, de gente que migrou, que precisou cruzar fronteiras para encontrar um novo lar.

O texto surgiu após Lulkin ter viajado a Buenos Aires, onde deparou com livros sobre migrações para a América do Sul. Como nos testes de personagens eles já haviam brincado com a possibilidade de encenar aventuras e desafios de quem precisa abandonar um lugar para conquistar outro, acabaram mergulhando na ideia.

— A gente não aborda nenhuma etnia, não foca nenhum país no espetáculo. Mas o tema de cruzar oceanos ou muros, de ter que ir embora e carregar tudo, está presente nas histórias — diz Lulkin.

Tiraram o nome do espetáculo de um livro do escritor uruguaio Ángel Rama, de 1959, recheado de histórias sobre a vida na Galícia na virada do século 19 para 20.

— Ángel Rama tem a ideia de que a memória é uma terra sem mapa. Esses personagens, Vrum e Luba, habitam um tempo que poderia ser qualquer tempo. Habitam um espaço que poderia ser qualquer espaço. Eles contam histórias, narram lembranças e aventuras. O espetáculo é sobre gente que tem que partir, que faz e refaz novas casas. Alguns momentos são bem-humorados; outros, mais poéticos — define Mirna.

Depois de uma temporada de duas semanas no Zona Cultural, novo espaço — aberto em março — para a arte entre o Centro Histórico e o 4º Distrito, Terra Sem Mapa será levado ao palco do Centro Histórico-Cultural Santa Casa nos dias 14 e 15 de julho, também às 20h, mas os ingressos ainda não estão à venda.

Interessados em explorar mais cenários para Luba e Vrum, Mirna e Lulkin até cogitam novos espetáculos para os mesmos personagens, quem sabe consolidando as figuras na cena teatral porto-alegrense.

— Com muita falta de modéstia, digo que Vrum e Luba existem como o Gordo e o Magro — brinca Mirna.

Terra Sem Mapa

  • Estreia nesta quinta-feira (22), às 20h. Temporada de quinta a domingo, sempre às 20h, até 2 de julho
  • Zona Cultural (Av. Alberto Bins, 900), em Porto Alegre
  • Ingressos a R$ 67,20 pelo site Entreatos e a R$ 60 na hora, no local.